Listamos abaixo 5 questionamentos que podem ajudar no momento de escolher uma instituição de ensino regular para a sua criança ou adolescente com autismo:
Ponto 1: como a escola se posiciona em relação a receber a criança ou adolescente com autismo?
Embora seja garantida pela legislação, a inclusão de pessoas com autismo no ensino regular vem se desenvolvendo aos poucos no Brasil. Ou seja, embora a Lei 12.764 tenha reforçado os direitos das pessoas com autismo ao ensino regular na Educação Básica e no Ensino Profissionalizante, muitas escolas ainda estão se capacitando e aprendendo sobre o autismo. Não é raro encontrarmos professores que estão recebendo, pela primeira vez, um aluno com o diagnóstico, sendo que, muitas vezes, o processo de inclusão ocorre num esforço conjunto entre professores, pais e os próprios alunos. Então, o que fazer diante desse cenário? Primeiramente, você poderá conversar com profissionais e outros pais em sua região. Depois, você poderá fazer um levantamento das escolas existentes e visitar cada instituição para tentar perceber como está se desenvolvendo o processo de inclusão em cada escola. E o que pode fazer uma escola se destacar frente às demais? O respeito pela criança ou adolescente com autismo, o desejo genuíno em auxiliar no desenvolvimento daquele aluno, a flexibilidade para trabalhar as adaptações que se fizerem necessárias no ambiente escolar e a capacidade de articular um trabalho em conjunto, dentro da própria escola (com a diretoria e coordenação pedagógica, professores, mediadores e profissionais do atendimento especializado) e fora da escola (com pais e com os outros profissionais que auxiliam a criança) são aspectos importantes. A possibilidade de envolver os demais alunos da classe e seus pais no projeto de inclusão também é um ponto a ser considerado (por exemplo, poderão ser realizadas conversas com os coleguinhas e com seus pais sobre formas de colaborar e conviver com o aluno com autismo na sala de aula e nas dependências da escola). Ou seja, você pode não encontrar entre as escolas da sua cidade uma instituição que já esteja totalmente preparada para receber a sua criança ou adolescente com autismo, mas esteja atento ao posicionamento demonstrado pela escola e por sua equipe. Temos recebido muitos profissionais de escolas que estão participando de nossos cursos para saber como lidar com seus primeiros alunos com autismo, o que tem sido fantástico! São professores que estão buscando entender mais sobre o autismo e sobre as características daquele aluno em específico, para elaborar a partir daí um plano de ensino que seja adaptado e eficaz. Temos acompanhado também muitos pais que encontraram escolas receptivas e com uma atitude bastante positiva frente ao aluno, e que estão compartilhando com estas escolas os conhecimentos já adquiridos sobre o autismo: não tem sido incomum partir dos próprios pais a iniciativa de dividir com a escola livros, filmes e materiais que auxiliem a inclusão do aluno e sua permanência na escola no dia a dia. Há pais que chegam a inscrever professores e educadores em cursos para que eles aprofundem seus conhecimentos sobre o autismo, demonstrando um grande esforço e empenho no processo de inclusão dos seus filhos.
Ponto 2: a escola encontrará meios que possibilitem manter um diálogo constante com a família e com os profissionais que auxiliam a criança ou adolescente fora da instituição de ensino?
Se você já tem em mente algumas escolas que parecem adequadas à sua criança ou adolescente com autismo, cabe então averiguar se os profissionais dessa escola estão motivados para uma comunicação constante com vocês pais e com os outros profissionais que acompanham a pessoa com autismo. Qual a importância dessa comunicação? Antes de tudo, a comunicação possibilita a troca de informações que podem ser cruciais para o cotidiano do aluno na escola. Quais são as sensibilidades do aluno? Quais são os interesses e motivações desse aluno? Como auxiliar o aluno diante de uma sobrecarga sensorial? Quais tratamentos o aluno vem fazendo e quais aspectos têm sido trabalhados nesses tratamentos? O espectro do autismo é amplo de maneira tal que uma criança com autismo pode ser bastante diferente da outra. Ou seja, para que aquela criança ou adolescente possa se adaptar à escola, será necessário que a escola atente-se às suas necessidades individuais. O fato de a escola ou de o professor já ter tido uma experiência prévia com outro aluno com autismo não garante o sucesso na inclusão de um novo aluno, pois os sintomas do autismo podem se manifestar de formas diferentes entre as pessoas com o diagnóstico. Além disso, uma mesma pessoa com autismo pode passar por períodos de maior sensibilidade sensorial, pode demonstrar mudanças em seus padrões de comportamento devido a dietas e tratamentos biomédicos e pode ainda ter altos e baixos em seu continuum de aprendizados, devido ao funcionamento de seu corpo e ao seu estilo próprio de aprendizagem. Logo, se houver uma troca constante de informações, maiores as chances de a inclusão do aluno alcançar mais sucesso. Essa troca de informações pode ainda assumir um papel vital ao fortalecer o vínculo de confiança entre a escola e os pais. E como promover esse diálogo? Através de reuniões periódicas na escola e também do contato mais diário por meio de anotações detalhadas e cuidadosas na agenda do aluno, em ambos os sentidos – tanto os pais e profissionais podem comunicar à escola alterações e fatos observados no dia a dia, como a escola também pode explicitar comportamentos e acontecimentos desenrolados em seus turnos. A comunicação pode ajudar todas as pessoas que auxiliam a criança ou adolescente com autismo a se antecipar e estar mais bem preparados para eventuais momentos de crise, como também pode ajudar a alcançar e reforçar a aquisição de habilidades e sua generalização para os distintos ambientes. Ou seja, a comunicação é um aspecto vital e é bastante importante conversar com a escola sobre maneiras de propiciar a troca constante de informações.
Ponto 3: a escola tem a intenção de promover a interação entre o professor regente, o professor auxiliar/mediador e o profissional do atendimento especial da criança ou adolescente com autismo?
Pessoas com autismo podem ter uma forma de aprender diferente. Elas tendem a absorver melhor informações visuais, podem conseguir lidar com mais facilidade com atividades fragmentadas em pequenas etapas e podem ser extremamente talentosas em áreas específicas, como as que envolvem a memorização de fatos e de sequências numéricas. Devido às características de seu sistema sensorial, o aluno com autismo pode precisar de momentos de pausa e de exercícios, massagens e movimentos. É papel do professor auxiliar/mediador intermediar a relação do aluno com autismo com o professor regente e com a classe e, devido à importância que essa intermediação assume, recomendamos que seja averiguado e discutido com a escola como a interação entre professor auxiliar/mediador e o professor regente ocorrerá. Nas escolas que oferecem um atendimento especializado no contra turno, as estratégias de ensino desenvolvidas pelos profissionais do atendimento especial também devem estar alinhadas às necessidades identificadas em sala de aula regular e aos desafios atuais do aluno. Você poderá procurar saber como a coordenação pedagógica da escola planeja estruturar a relação de sua própria equipe, e como será a integração do mediador com os profissionais da escola.
Ponto 4: a escola considera proporcionar adaptações físicas na classe para a criança ou adolescente com autismo?
Um projeto de inclusão deve levar em conta tanto o esforço do aluno em se adaptar à escola, bem como da escola em se adaptar ao aluno. No caso das pessoas com autismo, as adaptações podem incluir aspectos físicos do ambiente escolar, assim como aspectos ligados à metodologia de ensino. Quanto aos aspectos físicos do ambiente escolar, conhecer as características do aluno e tentar minimizar os estímulos sensoriais que podem afetar a sua permanência na escola são os primeiros passos para uma inclusão bem sucedida. Antes de tudo, porém, é necessário conversar com a escola e antecipar possíveis mudanças, que podem ser implementadas conforme os sinais que a criança ou adolescente mostrar no período de adaptação à escola. Estas mudanças podem englobar a posição do aluno na sala (mais próximo do quadro e da professora regente, ou num local mais calmo e silencioso da classe, conforme as suas necessidades), o modelo de mesa e carteira (que poderão ficar mais confortáveis com inclinações diferentes ou com acessórios como almofadas), o uso de quadros de rotinas e de outros instrumentos de apoio visual, a criação de um espaço ninho (onde a criança possa se retirar quando precisar equilibrar-se sensorialmente), etc. Os pais poderão compartilhar adaptações que já são feitas em casa e pensar junto da escola em como implementá-las na classe.
Ponto 5: a escola está disposta a oferecer uma plano pedagógico individualizado para a criança ou adolescente com autismo?
A adaptação da escola não se limita aos aspectos físicos. Muitas vezes é preciso encontrar formas diferentes de atrair a atenção e propiciar engajamento nas tarefas em classe. Pode ser necessário também adaptar o método de ensino, personalizando para aquele aluno a exposição aos conteúdos que estão sendo trabalhados pela turma. Os interesses e as motivações do aluno podem ser habilmente utilizados para impulsionar a sua participação em atividades acadêmicas. Logo, deve-se investigar se escola está disposta a oferecer um plano de ensino personalizado para o aluno com autismo.
Quer saber mais sobre como escolher uma escola para a sua criança com autismo?
Uma série de reportagens publicadas pela Revista Escola sobre a inclusão escolar de pessoas com autismo ressalta que as instituições de ensino passam por um momento de “construção” e que o processo de inclusão está sendo desenvolvido no dia a dia, o que reforça a necessidade de parceria com os pais. Em um vídeo mostrado nesta mesma série de reportagens, o processo de inclusão do aluno Matheus de 14 anos em uma escola pública é comentado por sua mãe, suas professoras e suas colegas de classe. A professora Márcia Martinelli conta no vídeo, por exemplo, como ela usou o interesse de Matheus pelos números e pelas placas de carro e a sua grande habilidade em memorizá-los para neutralizar os barulhos e a agitação da classe, mantendo Matheus focado dentro da sala. Acesse essa série de reportagens e conheça mais sobre a experiência de Matheus.
No blog Lagarta Vira Pulpa escrito por Andréa, mãe do Theo, há uma relação com indicação de escolas em vários estados do Brasil. Veja as instituições recomendadas pelo blog de Andréa em sua região e troque informações com outros pais e profissionais!
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9 comentários em “Como escolher uma escola para a sua criança com autismo?”
Amo receber estas novas informações. Sou formada em pedagogia, D.M., psicopedagogia, educação infantil e séries iniciais, e neuropsicopedagogia; e essas informações e cursos me auxiliam muito para eu estar sempre atualizada nesta área. São informações importantes, atualizadas e bem esclarecedoras. Obrigada.
Boa tarde Anauyta! Que ótimo que gostou do texto, e que bom o seu interesse. Caso tenha interesse em fazer cursos na área de adaptação e inclusão escolar, você poderia dar uma olhada no site da Inspirados pelo Autismo a programação dos cursos para esse ano de 2015. Em Abril teremos o curso “Inclusão Escolar para Crianças com Autismo – Módulo Escola”. Grande Abraço! Jaqueline
Estas tão importantes informações e sugestões deveriam ser de maior conhecimento da sociedade. Como? Com maior divulgação.
Olá Dario,
Sim, concordamos! Por isso divulgamos nossos conteúdos pela internet e pelas redes sociais.
Os leitores podem nos ajudar a divulgar as informações compartilhando o nosso site com seus amigos e familiares.
Atenciosamente, Equipe Inspirados pelo Autismo
Olá! Sou mãe de um menino de 14 anos, diagnosticado com síndrome de Asperger aos 13. quando ele tinha 4 anos percebi que ele era diferente e o levei à vários médicos que deram o diagnóstico de TDAH, é só fase e Superdotado. Aos 13 ele começou a ter um comportamento mais agressivo, agravado com problemas de bullying na escola. Ele estudava nessa escola desde os 5 anos de idade e sempre apresentou bons resultados, menos em matemática, em que ele tinha um pouco de dificuldade. Certo dia, a coordenadora me chamou para conversar e disse que não podia fazer mais nada para ajudá-lo a lidar com o bullying. Decidimos tirá-lo da escola. Nessa nova, fomos orientados a buscar uma avaliação com um neuropsicólogo e assim o fizemos, e o resultado: SA, TOC e TDA. A coordenadora da nova escola disse que ele não teria condições de fazer nada relacionado as exatas e resolveram fazer uma adaptação no livro de matemática. A adaptação foi montar uma apostila do 2° ano do fundamental e excluir a apostila do ano em que ele estava, 8° ano. Agora terminando o 9°, percebo que a escola o deixou de lado, nem apostilas adaptadas ele tem mais. A minha pergunta é: O meu filho não tem capacidade de aprender a matéria da série dele? Devo pedir que a escola forneça um professor de apoio? Estou pensando em trocá-lo de escola, tirar da particular e passar para a pública, estou pagando a particular para eles simplesmente passá-lo de ano porque ele tem problemas de aprendizagem. O estranho é que na outra escola ele era elogiado pelos professores, ele chegava ao ponto de corrigi-los. Desculpa, acho que escrevi muito, mas não tenho apoio de ninguém, não consigo nem psicólogo para ajudar meu filho.
Olá Bianca,
Para que você possa ajudar o seu filho no projeto de inclusão escolar dele, uma sugestão seria você, primeiramente, identificar quais são os interesses e motivações de seu filho. Do que ele mais gosta? Quais são suas atividades prediletas? Quais são os seus personagens, temas ou assuntos preferidos?
Após identificar os interesses e motivações de seu filho, você poderá criar atividades interativas personalizadas que unam alguns dos interesses e motivações dele às atividades da escola (como, por exemplo, ler, escrever, realizar operações matemáticas, etc.).
Para que possamos conhecer melhor o seu filho e então lhes oferecer recomendações personalizadas para o projeto de inclusão escolar dele, recomendamos a realização de uma consultoria virtual com a Mariana Tolezani. Caso deseje mais informações sobre esse serviço, entre em contato conosco!
Atenciosamente,
Equipe Inspirados pelo Autismo
Meu filho é autista, foi diagnosticado com autismo com 3 anos, desde quando foi diagnostico, ele tem sido acompanhado por psicopedagogo, fono e psicologo. Hoje com 6 anos, ele tem demonstrado dificuldade na escola, porque a escola não dar suporte necessário para ele desenvolva intelectualmente, por falta desse profissional competente na área de psicopedagogia, o que me deixa revoltado que a unica coisa que fazem e reclamar e exigem que ele tome remédio, pois é algo, que ele não precisa, e sim de uma intervenção disciplinar e de um profissional competente. Esses três anos levando em clinica em clinica vi diversas crianças que tomam remédio como risperidona, que segundo pais foi aonde encontraram a solução para seu problema o remédio, então a criança deixou de ser um fardo para eles, além disso, muitos pais nem segue a risca as recomendações medicas e dos especialistas (psicopedagogo, fone e psicologo). Os que acham que é o remédio e a solução, estão errados, pois ele crescera e não levara uma vida normal e ainda mais sera dependente pelo resto da vida de uma remédio. o Caso do meu filho não ha necessidade do uso de remédios, ele é apenas incompreendido por causa da falta de conhecimento sobre o TEA . Já
assistir palestras de pessoas que são autista que hoje levam uma vida normal mesmo ainda tendo alguns de seus estereótipo, mais sem remédios, tudo que tiveram esse sua vida foram os presentes profissionais que disponibilizaram a ajuda-los. Isso que quero para meu filho.
Tenho um neto de 6 anos com Altismo e ainda toma medicamentos para não ter crise de convulsão mas mesmo assim a cada 3 meses ele tem uma crise
Minha filha tem 3 anos e foi diagnosticada com Autismo. Na busca de uma escola para sua inclusão, ela foi muito bem acolhida pelos Profissionais da Conect School situada em Lauro de Fretias/BA, por dificuldade no deslocamento por morar em Salvador, resolvi procurar uma escola por aqui no intuito de não deixar de oportunizar minha filha ao direito a educação. Tive um excelente atendimento virtual por uma ” Profissional” do Colegio Montessoriano e posteriormente fui visitar a escola, nessa visita ouvi da mesma que poderia levar uma pessoa (contratar) para acompanhar minha pequena, pois devido as suas dificuldades necessita de um AE. Como uma escola que diz trabalhar com inclusão não atende as necessidade da criança? Essa fala soou para mim como um IMPEDIMENTO/EXCLUSÃO para que a minha pequena continuasse tendo acesso a educação. Triste, fingirem que não conhecem a legislação. ” A NINGUÉM É DADO O DIREITO DE DESCONHECER AS LEIS”. Mas sigo firme pois sei que DEUS irá fazer o melhor por nós.