Recente pesquisa publicada pelo jornal médico The Lancelot sobre nova metodologia que orienta pais no tratamento precoce de crianças com autismo tem resultados surpreendentes, trazendo melhorias no desenvolvimento das crianças, inclusive a longo prazo.
Isto é o que afirma também o jornal britânico The Guardian, que considera os resultados da nova pesquisa um avanço potencial no tratamento de crianças com autismo, beneficiando milhares de famílias.
Realizado no Reino Unido, o estudo envolveu 152 crianças de dois a quatro anos com autismo, muitas delas diagnosticadas com autismo severo e grandes dificuldades de comunicação. As crianças foram divididas em dois grupos, um grupo de controle e um grupo que recebeu a intervenção. As crianças do grupo de controle tiveram acesso às terapias tradicionais para o autismo, enquanto o segundo grupo recebeu o tratamento em estudo, denominado Preschool Autism Communication Trial (PACT).
Ao longo da pesquisa, os pais foram treinados para entender melhor as suas crianças e saber como interagir com elas. Os pais frequentaram duas vezes por semana, durante seis meses, uma clínica em que eram filmados em sessões com seus filhos, junto a uma caixa de brinquedos. Os pais participaram das sessões e depois assistiram aos vídeos destas sessões para reconhecer oportunidades de interação a partir de sinais das crianças mostrados nas gravações feitas. Por exemplo, alguns desses sinais seriam a criança oferecer um brinquedo ou fazer um som que poderia ser interpretado como um pedido oral. Logo, se uma criança oferecia um brinquedo, o pai era orientado a retribuir essa ação. Se a criança dissesse uma palavra, o pai poderia repetir essa palavra e acrescentar algo mais. Os pais foram orientados a dar continuidade a essas práticas em casa, no dia a dia.
Os primeiros resultados da nova terapia puderam ser notados pelos pesquisadores no final do primeiro ano de tratamento. O impacto mais significativo da terapia, entretanto, foi observado ao longo dos seis anos seguintes. Na fase inicial da pesquisa, 50% das crianças no grupo controle que não receberam o novo tratamento e 55% das crianças que participaram da nova terapia foram diagnosticadas com autismo severo. As crianças do grupo que recebeu a intervenção, contudo, obtiveram melhora em seu quadro, com a diminuição de parte dos sintomas. Na conclusão do estudo, 63% das crianças no grupo de controle foram diagnosticas com autismo severo, em comparação com 46% das crianças do grupo que recebeu a intervenção.
Segundo os pesquisadores, a comunicação das crianças com seus pais foi aprimorada no final dos seis anos do estudo. Os pais relataram também melhorias nas relações de seus filhos com autismo com outras crianças, na comunicação social e nos comportamentos repetitivos. Não foram observadas mudanças significativas, contudo, quanto aos comportamentos indesejados ou aos quadros de depressão e de ansiedade nas crianças com autismo, sendo que, nestes casos, as crianças ainda precisariam de muito apoio durante seu desenvolvimento.
“A vantagem desta abordagem em relação a uma intervenção direta entre o terapeuta e a criança é que ela tem potencial para afetar a vida cotidiana da criança”, afirmou o professor Jonathan Green, da Universidade de Manchester, que conduziu o estudo. “Nossas descobertas são encorajadoras, pois representam uma melhora nos principais sintomas de autismo anteriormente vistos como muito resistentes à mudança.
Para o Professor Jonathan Green,“Isso não é uma cura, no sentido de que as crianças que demonstraram melhorias ainda mostrarão os sintomas remanescentes em uma extensão variável, mas sugere que trabalhar com os pais para interagir com seus filhos desta maneira pode levar a melhorias nos sintomas a longo prazo.”
Na reportagem publicada pela rede britânica BBC sobre a pesquisa, Louisa, mãe de Frank, conta que foi possível notar, paulatinamente, que as crianças começaram a expandir suas habilidades de comunicação durante o tratamento. “Você percebe coisas que não perceberia em tempo real. Coisas como esperar, dar a Frank tempo o bastante para se comunicar e comentar em vez de questioná-lo, de forma a não pressioná-lo para responder.” Louisa ainda comenta, “A equipe que me ofereceu o treinamento para aprimorar minhas habilidades confiava na minha percepção sobre o que mais interessava o meu filho.”
Tracey, mãe de Aaron, conta que os pesquisadores a encorajaram a brincar do que o filho gostava de brincar e a permitir que ele guiasse a brincadeira. Quando assitiam ao vídeo da brincadeira, os pesquisadores sugeriam para Tracey ações que em momentos similares promoveriam as habilidades sociais de Aaron.
Já para Adumea, mãe de Kofi, outra criança que também participou do estudo, “O poder dessa terapia é o fato de que se estende além da hora que você passa na sala do terapeuta porque vai para dentro de casa. É implantada na vida familiar e no jeito como você se comunica com seus filhos”. Adumea ainda ressalta, “E, como disse o Professor Green, isso envolve a vida familiar e a maneira como você se comunica com seus filhos e, a partir do que você aprende com isso, você pode então dizer às escolas: ‘Isto está funcionando, tente isso’ “.
A Inspirados pelo Autismo foca em orientar os pais de crianças com autismo para que eles promovam as habilidades sociais de seus filhos, inclusive em atividades da vida diária em casa. Promovemos cursos de três dias para pais e profissionais para ensinar técnicas práticas para ajudar crianças, adolescentes e adultos com autismo em áreas como comunicação, flexibilidade, comportamentos indesejados e atividades de vida diária. Oferecemos também cursos específicos sobre educação inclusiva que podem capacitar pais, professores e demais profissionais a apoiar projetos de inclusão escolar para pessoas com autismo. Leia em nosso site depoimentos sobre os nossos cursos e participe conosco!
10 comentários em “Nova metodologia orienta pais no tratamento de crianças com autismo com resultados positivos, afirma recente pesquisa britânica”
bom dia sempre gosto de ler matérias postadas sobre altismo inovações tenho um filho que também tem altismo porem é leve segundo os especialista, ele interagem com as crianças no meio social, na escola, somente tem dificuldade em pronunciar as palavras, mas esta fazendo exercícios com fonoaudióloga, ele é um tagarela porem fala tudo meio enrolado sai algumas palavras certas outras errada a maior dificuldade dele é formação de frases, oque vocês poderiam me orientar sobre isto? e também gostaria de saber como faço para descobrir se ele tem alguma habilidade especifica?
Eu e minha família gostaria de participar de cursos como estes, mais moramos no Rio e fica inviável para nós ir a são Paulo, minha filha tem uma mediadora, exelente profissional que se pudesse também investiria, pois a dois anos com minha filha o desenvolvimento tem sido extraordinário, minha filha, a mediadoras e psicóloga formada , mais busca conhecimento, esta envoçvida em palestras e cursos.
Participei do workshop da inspirados pelo autismo em São Paulo e foi um divisor de águas na vida do meu filho. Hoje ele está praticamente fora do espectro, só tem alguns sintomas sutis no que se refere ao relacionamento com crianças da mesma idade pois ainda tem um pouco de dificuldade de se integrar em alguns ambientes. Tenho convicção que a estimulação dos pais diretamente com a criança é o que dá melhores resultados. A convivência diária com os priminhos também foi muito importante. É importante acreditar sempre no potencial da sua criança!
Boa noite amados!eu tenho um filho com autismo,que esta com 10 anos.O autismo dele é considerado grave.Eu sou cabeleireiro,e quase não ha tempo para meu filho.Ele não lê, nem escreve,não interesse em aprender. Eu muitas vezes não sei que o fazer.Moro em Teresina,e aqui não tem meios atualizados.Preciso de muita Luz pra ajuda meu filho.
Gosto muito de ler infirmações sobre autistas , nãosonente por ter um filho autista, mas sim por causa de minha profissão, principalmente quando tem alguma dicas, técnicas no modo da prática, sempre é muito bom, desta maneira aprendemos um pouco a mais sempre .
Gostaria de obter mais conhecimento a respeito do autismo. Sou professora e moro em Manaus.
Olá Robenilza,
Você poderá ter mais informações sobre o autismo em nosso site pelo link a seguir:
https://www.inspiradospeloautismo.com.br/o-que-e-autismo/
Recomendamos também a leitura do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse”, disponível para encomenda em nosso site: https://www.inspiradospeloautismo.com.br/livros/dez-coisas-que-toda-crianca-com-autismo-gostaria-que-voce-soubesse/
Acesse em nosso site trechos do livro e também uma entrevista com a autora:
https://www.inspiradospeloautismo.com.br/entrevista-com-ellen-notbohm-autora-livro-dez-coisas-que-toda-crianca-com-autismo-gostaria-que-voce-soubesse-parte-1-2/
https://www.inspiradospeloautismo.com.br/entrevista-com-ellen-notbohm-autora-livro-dez-coisas-que-toda-crianca-com-autismo-gostaria-que-voce-soubesse-parte-2/
https://www.inspiradospeloautismo.com.br/entrevista-com-ellen-notbohm-autora-livro-dez-coisas-que-toda-crianca-com-autismo-gostaria-que-voce-soubesse-parte-2/
https://www.inspiradospeloautismo.com.br/trecho-livro-dez-coisas-que-toda-crianca-com-autismo-gostaria-que-voce-soubesse-edicao-atualizada-e-ampliada/
Atenciosamente,
Equipe Inspirados pelo Autismo
Estou com dificuldades com meu Arthur que não quer comer. Ele está com 3 anos, não fala e, somente há poucos dias, consegui uma vaga para ele aqui na Pestalozzi de Guarapari. Se alguém que passou pelo mesmo problema me desse uma orientação, eu ficaria imensamente agradecido.
Olá Julio,
Agradecemos por nos contar sobre o seu filho Arthur.
Você já acessou em nosso site a seção Atividades de Vida Diária? Nela temos a história do Matheus que, segundo a sua mãe, “não comia fruta há 1 ano, nenhum tipo de fruta ou suco”. Durante uma consultoria domiciliar com um consultor de nossa Equipe, foi criada uma atividade lúdica para ajudar o Matheus a diversificar a sua alimentação, e deu certo!
Leia a história em nosso site, pois ela poderá lhe dar algumas ideias práticas para você aplicar com o Arthur: https://www.inspiradospeloautismo.com.br/a-abordagem/atividades-de-vida-diaria-para-pessoas-com-autismo/
Atenciosamente, Equipe Inspirados pelo Autismo
Muitissimo interessante o post.
Preciso saber quando teremos estes cursos aqui no RGS, pois aqui tmb temos autistas aqui, e pais desesperados pra aprender a lidar e auxiliar de forma efetiva o desenvolvimento destas crianças.
Nós, pai tmb precisamos de ajuda.