Educação social de pessoas com autismo
Educação social de pessoas com autismo – desenvolvimento de competências sociais
A psicologia moderna enfatiza a importância crucial de se estudar os pensamentos, as emoções e a experiência consciente com o objetivo de melhor compreender os seres humanos. Desta psicologia tem sido construída uma nova perspectiva em relação ao autismo, associando o autismo com a dificuldade em se estabelecer relações básicas. Recentes estudos demonstram que é possível notar-se sinais precoces do autismo em crianças de cerca de 6 meses de idade. Atualmente, estes sinais costumam ser identificados apenas em retrospecto, mas os pesquisadores têm se esforçado para desenvolver métodos que possibilitem a identificação do autismo anterior aos 2 anos de idade. Crianças com autismo (ou aquelas que num período posterior serão diagnosticadas com autismo) não se orientam socialmente de maneira típica. Isto significa que elas não prestam tanta atenção aos estímulos sociais como as outras crianças, estímulos como, por exemplo, um adulto chamando-as pelo nome ou olhando para o olho delas. Estas são habilidades sociais básicas que crianças de desenvolvimento típico aprendem nos primeiros meses de vida. As crianças que têm um atraso na aprendizagem da habilidade de orientação social apresentam dificuldade no processamento de estímulos sociais e apresentam então atraso no desenvolvimento de habilidades como a atenção compartilhada (prestar atenção à mesma atividade ou ao tópico que outra pessoa está prestando) e o compartilhar experiências emocionais com os outros. Estes são passos cruciais durante os primeiros anos do desenvolvimento da criança e formam a fundação para todo o aprendizado social e boa parte do aprendizado cognitivo. Sem a habilidade de atenção compartilhada, o indivíduo não é capaz de sustentar uma conversa ou até envolver-se em uma simples brincadeira de cócegas por muito tempo. De maneira similar, esta criança não consegue colocar-se “no lugar de outra pessoa” e imaginar o que a outra pessoa possa estar pensando ou sentindo (desenvolvendo a Teoria da Mente), o que é vital para a participação em trocas sociais dinâmicas e espontâneas. Sem estas habilidades, a criança com autismo fica perdida na arena social – a qual modifica-se a todo instante – e procura focar em pontos que seu cérebro está melhor equipado para processar, como objetos e sistemas mecânicos não dinâmicos.
Ainda não está claro por que crianças com autismo respondem aos estímulos sociais desta maneira. Alguns pesquisadores apontam para o fato de os estímulos sociais apresentarem natureza complexa, diversificada e dinâmica, o que representaria para cérebros estruturados da maneira discutida na página anterior – Ambiente – um desafio maior na hora de serem processados (ou filtrados), em comparação com estímulos fixos e não dinâmicos.
Hoje em dia, é amplamente aceita entre a comunidade de psicólogos e pedagogos a noção de que crianças de desenvolvimento típico aprendem através de interações sociais recíprocas e que os primeiros relacionamentos formam a fundação que possibilita que as crianças sintam-se seguras para explorar o mundo. As crianças que se desenvolvem com um cérebro autístico tendem a ter dificuldade para engajar-se nesta educação social básica e fundamental. É com este pensamento em foco que as atuais abordagens interacionistas buscam ajudar os pais e profissionais para que ofereçam a suas crianças oportunidades acessíveis e motivadoras para o desenvolvimento das competências sociais.
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