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Dez Coisas - Inspirados Pelo Autismo

Aqui estão as Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse

Assista aqui ao vídeo com uma animação em português baseada no livro das “Dez coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse”. O vídeo foi produzido pela escola FourC Bilingual Academy, nossa parceira para promover a conscientização sobre as características de pessoas com autismo. Assista e compartilhe! Depois do vídeo, leia abaixo um trecho do livro.

 

Trecho condensado do livro Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse – Edição atualizada e ampliada – Ellen Notbohm

Há dias em que a única coisa previsível é a imprevisibilidade; e que o único atributo constante é a inconstância. O autismo é intrigante, mesmo para aqueles que convivem com ele durante toda a vida. A criança com autismo pode parecer “normal”, mas seu comportamento pode ser desconcertante e dificílimo.

O autismo já foi considerado um “distúrbio incurável”. Mas essa ideia caiu por terra diante do conhecimento cada vez maior desse quadro e das constantes descobertas que estão sendo feitas, até mesmo neste momento, enquanto você lê este texto. Todos os dias, indivíduos com autismo nos mostram que são capazes de superar as dificuldades, compensar e administrar muitos dos aspectos desafiadores do autismo. Preparar as pessoas que convivem com nossos filhos, fazer com que elas entendam os elementos básicos do autismo tem um enorme impacto no caminho dessas crianças rumo a uma vida adulta produtiva e independente.

O autismo é um distúrbio complexo, mas, segundo minha experiência, suas inúmeras características encaixam-se em quatro áreas fundamentais: dificuldades de processamento sensorial, atrasos e comprometimento da comunicação, dificuldade no desenvolvimento das habilidades de interação social e as questões da criança como um todo/autoestima.

Embora esses quatro elementos possam ser comuns a várias crianças com autismo, lembre-se de que a razão de ser chamado de espectro é que não há duas (nem dez, nem vinte) crianças com autismo exatamente iguais. Cada criança se encontra num ponto diferente do espectro. É importante lembrar também que cada pai, professor e cuidador tem um grau diferente de compreensão do espectro. Criança ou adulto, cada um terá o seu conjunto único de necessidades.

Aqui estão as dez coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse.

Eu sou uma criança

Meu autismo é apenas parte do que sou, e não tudo o que sou. Você é uma coisa só ou alguém com pensamentos, sentimentos, preferências, ideias, talentos e sonhos? Você é gordo (está acima do peso), míope (usa óculos) ou desajeitado (não tem coordenação)? Essas podem ser as primeiras características que vejo quando o conheço, mas você é mais do que isso, não é?
Sendo adulto, você tem certo controle sobre a maneira como define a si mesmo. Se quiser destacar uma característica em particular, pode fazer isso. Como sou criança, ainda estou em fase de desenvolvimento. Nem você nem eu sabemos ainda do que sou capaz. Se você me definir por apenas uma das minhas características, correrá o risco de ter expectativas muito limitadas. Além disso, se eu perceber que você não acha que “sou capaz”, minha resposta natural será: “Por que tentar”?

Meus sentidos estão desordenados

Dez coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesseIsso significa que imagens, sons, cheiros, sabores e toques normais que talvez você nem note podem ser extremamente dolorosos para mim. O próprio ambiente muitas vezes me parece hostil. Eu posso parecer distante, agressivo ou mau, mas estou apenas tentando me defender. Uma simples ida ao supermercado pode ser um inferno para mim.
Minha audição pode ser hipersensível. Dezenas de pessoas falam ao mesmo tempo, o alto-falante alardeia a oferta do dia e a música ecoa do sistema de som. Tem também o barulho de caixas registradoras, do moedor de café e do moedor de carne, choro de bebê, carrinhos rangendo e o zunido das lâmpadas fluorescentes. Meu cérebro não consegue filtrar todos esses estímulos e fico sobrecarregado!
Meu olfato pode ser aguçadíssimo. O peixe no balcão da peixaria não está muito fresco, o rapaz ao nosso lado não tomou banho hoje, o setor de frios oferece degustação de linguiças, o bebê à nossa frente na fila sujou a fralda, estão usando amoníaco para limpar o chão do corredor três, onde caiu um vidro de picles. Tenho vontade de vomitar.
Tem tanta coisa agredindo os meus olhos! A luz fluorescente é clara demais e, ainda por cima, pisca. O ambiente parece estar se mexendo; a luz pulsante se reflete em tudo e distorce o que estou vendo. Há objetos demais para que eu consiga manter o foco (meu cérebro pode compensar restringindo o meu campo visual), ventiladores de teto e um monte de gente andando de um lado para o outro. Tudo isso afeta o modo como eu me sinto, e agora eu não consigo nem saber onde meu corpo se encontra no espaço.

Procure distinguir entre “não quero” (escolho não fazer) e “não consigo” (não sou capaz de fazer)

Não é que eu não ouça as instruções, é que eu não consigo entender você. Quando você me chama do outro lado da sala, o que ouço é: “*&^%$#@, Jordan. Em vez disso, venha até mim, ganhe a minha atenção e fale diretamente comigo usando palavras simples: “Jordan, ponha o seu livro na estante. Está na hora de almoçar”. Dessa maneira, eu entendo o que você quer que eu faça e o que vai acontecer em seguida. Assim é muito mais fácil para eu fazer o que você pediu.

Eu penso de forma concreta. Eu interpreto a linguagem literalmente

Você me deixa confuso quando diz “Pé na tábua!”, quando o que realmente quer dizer é, “Corra!”. Não me diga que algo é “moleza” quando não há nenhum objeto mole ali e o que você quer dizer é que “aquilo será uma coisa fácil de fazer”. Quando você diz que “está chovendo canivetes”, eu vejo canivetes caindo do céu. Diga apenas: “Está chovendo muito”.
Expressões idiomáticas, trocadilhos, sutilezas de linguagem, duplos sentidos, inferências, metáforas, insinuações e sarcasmos são incompreensíveis para mim.

“Ouça” todas as maneiras pelas quais eu tento me comunicar

Tenho dificuldade de dizer o que preciso, pois não sei como descrever o que estou sentindo. Posso estar com fome, frustrado, assustado ou confuso, mas por enquanto essas palavras estão além da minha capacidade de expressão. Fique atento à minha linguagem corporal, isolamento, agitação ou outros sinais de que algo está errado. Eles estão lá.
Pode ser também que, para compensar o fato de não conhecer todas as palavras de que preciso, eu pareça um pequeno professor ou artista de cinema, recitando palavras ou roteiros inteiros que estão bem além de meu estágio de desenvolvimento. São mensagens que memorizei do mundo ao meu redor, pois sei que esperam que eu responda alguma coisa quando falam comigo. Posso ter aprendido essas palavras nos livros, na televisão ou ouvindo outras pessoas. Os adultos chamam isso de “ecolalia”. Isso não quer dizer que eu entenda o contexto ou a terminologia que estou usando. Só sei que assim eu saio do aperto quando tenho de dar uma resposta.

Veja só! Minha orientação é visual

Mostre-me como fazer algo, em vez de apenas me dizer como. E esteja preparado para me mostrar várias vezes. Repetições me ajudam a aprender.
Um quadro da minha rotina diária feito com recursos visuais me ajuda ao longo do dia. Ele me poupa do estresse de ter de me lembrar do que devo fazer em seguida, torna mais suave a transição entre uma atividade e outra e me ajuda a administrar o meu tempo e a corresponder às suas expectativas.
Eu preciso ver algo para aprender, pois, para mim, as palavras faladas são como fumaça, elas somem rapidamente antes que eu tenha chance de entendê-las. Não tenho capacidade de processamento instantâneo. As instruções e informações apresentadas visualmente podem ficar diante de mim pelo tempo que eu precisar, e não terão mudado quando eu consultá-las de novo mais tarde. Sem isso, fico constantemente frustrado, pois sei que perdi muitas informações e que não atendi às suas expectativas, e não há nada que eu possa fazer a esse respeito.

Concentre-se naquilo que eu consigo fazer, e não naquilo que eu não consigo fazer

Assim como qualquer outro ser humano, eu não consigo aprender num ambiente onde sou constantemente levado a sentir que não sou bom o suficiente e que preciso de “conserto”. Evito tentar qualquer coisa nova quando tenho certeza de que só receberei críticas, por mais “construtivas” que você ache que elas são. Procure meus pontos fortes e você vai encontrá-los. Quase sempre, há mais de uma maneira certa de fazer as coisas.

Ajude-me a interagir socialmente

Pode parecer que eu não quero brincar com as outras crianças no parquinho, mas a verdade é que simplesmente não sei como iniciar uma conversa ou entrar numa brincadeira. Ensine-me a brincar com as outras crianças. Incentive-as a me convidar para brincar com elas; talvez eu fique muito contente por ser incluído.
Eu me saio melhor em atividades estruturadas que tenham começo e fim bem definidos. Não sei interpretar as expressões faciais, a linguagem corporal e as emoções dos outros. Se eu der risada quando a Emily cair do escorregador, isso não significa que eu tenha achado engraçado, mas, sim, que não sei o que dizer. Fale comigo sobre os sentimentos da Emily e me ensine a perguntar: “Você está bem”?

Identifique a causa dos meus descontroles

Descontroles emocionais e explosões são mais terríveis para mim do que para você. Eles ocorrem porque um ou mais dos meus sentidos estão sobrecarregados, ou então porque fui forçado além dos limites das minhas habilidades sociais. Se você conseguir descobrir o que desencadeia minhas crises, poderá evitá-las. Faça um registro de horários, lugares, pessoas e atividades em que isso acontece. Assim, talvez você identifique um padrão.
Lembre-se de que tudo o que eu faço é uma forma de comunicação. Mostra aquilo que minhas palavras não conseguem expressar, como estou reagindo a algo que está acontecendo à minha volta.
Meu comportamento pode ter uma causa física. Alergias e intolerâncias alimentares, distúrbios do sono e problemas gastrintestinais podem afetar meu comportamento. Procure sinais, pois talvez eu não seja capaz de lhe falar sobre essas coisas.

Ame-me incondicionalmente

Elimine pensamentos do tipo: “Se ele ao menos…” e “Por que ele não tenta…?”. Provavelmente você não correspondeu a todas as expectativas que seus pais tinham em relação a você e não gostaria de ser lembrado disso a todo momento. Eu não escolhi ter autismo. Lembre-se de que isto está acontecendo comigo, e não com você. Sem seu apoio, minhas chances de obter sucesso e ser um adulto independente são ínfimas. Com seu apoio e orientação, as possibilidades são muito maiores do que você possa imaginar.
Três palavras que nós dois temos de ter sempre em mente são: paciência, paciência e paciência. Encare meu autismo como uma habilidade diferente, e não como uma incapacidade. Não se atenha àquilo que talvez você considere minhas limitações; veja meus pontos fortes. Posso ter dificuldade de fazer contato visual e conversar, mas você já percebeu que eu não minto, não trapaceio nos jogos e brincadeiras, nem julgo os outros? Eu dependo de você. Tudo o que eu posso vir a ser não se transformará em realidade sem ter você como base. Seja meu defensor e meu guia, ame-me pelo que eu sou e veremos até onde sou capaz de chegar.

Baixe aqui o E-book gratuito com o trecho condensado do livro Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse.

Veja a entrevista com a autora do livro, Ellen Notbohm, em nosso blog.

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Os desafios sociais em “O Amor no Espectro”

A Netflix lançou um documentário/seriado chamado “Amor no Espectro”. Nele, os espectadores acompanham 7 jovens dentro do espectro do autismo vivenciando os desafios de encontrar um par amoroso.

A cada episódio aprendemos mais sobre o PROCESSAMENTO de pessoas no espectro através de experiências vividas por Michael, Chloe, Maddi, Kelvin, Mark, Olivia e Andrew, e mais do que isso, vemos muitos mitos caírem por terra.

7 aprendizados sobre pessoas com autismo

Vamos listar para vocês 7 aprendizados que podem ser adquiridos neste seriado observando os jovens com autismo.

  1. Pessoas possuem processamento, interesses, estilos de aprendizado e formas de se expressar no mundo que são diferentes. Somos todos únicos e, quanto a pessoas dentro do espectro, não poderia ser diferente.
  2. Pessoas com autismo têm dificuldade de interagir, isso não significa que elas não queiram.
  3. Pessoas com autismo, possuem empatia e emoções. Podem ter dificuldade no componente cognitivo das emoções, ou seja, sentem, mas podem ter dificuldade de demonstrar suas emoções conforme os padrões sociais.
  4. Mesmo em casos leves, as dificuldades sociais e sensoriais podem ser extremamente desafiadoras. O fato de ter um autismo leve não significa que a pessoa não necessite de adaptações.
  5. Crianças com autismo crescem, desejam ter relacionamentos amorosos e necessitam de apoio para suas necessidades.
  6. Todo ser humano pode aprender, independentemente da idade. Então, a estimulação das habilidades sociais continua na fase adulta em seus novos desafios.
  7. A necessidade de autorregulação é uma característica do processamento, não vale a pena batalhar contra os comportamentos de autorregulação. Uns vão precisar de uma cobra, outros pular, outros repetir palavras e falar dos mesmos assuntos.

 

Amor no Espectro da Netflix
Imagem da Netflix

Os casais com autismo retratados na série

Além dos desafios vivenciados por jovens em busca do amor, o seriado nos mostra o dia a dia de dois casais, Thomas e Ruth, Jimmy e Sharnae, todos diagnosticados no espectro do autismo. Algumas características são marcantes na forma com que eles vivenciam o amor:

  • a ausência de jogos sociais tão frequentes em relacionamentos entre pessoas neurotípicas;
  • o “sincericídio” relacionado às suas reais intenções em um relacionamento;
  • o que é dito é dito abertamente sem mensagens implícitas;
  • a ausência ou um grau muito pequeno de malícia/filtro social – o que é demonstrado quando os membros do casal respondem às perguntas do documentarista com total honestidade sobre as características do parceiro ou de si mesmo.

Os dois casais da série que já estão em um relacionamento estável têm muito a ensinar a pessoas neurotípicas. Demonstram admiração e respeito pelos hiperfocos dos parceiros, pelas áreas de interesses e talentos do outro, pela necessidade de autorregulação de cada um. Isso só é possível quando desenvolvemos a habilidade de empatia, quando conseguimos nos colocar no lugar do outro para compreender as necessidades do outro, e os dois casais demonstram uma bonita empatia em diversas situações.

Desafios de um pensamento rígido

Já em relação às dificuldades, um dos e aprendizados dos jovens retratados na série é lidar com eventos imprevistos ou que saem do planejamento original. Jimmy preparou uma surpresa para sua namorada, um jantar romântico onde faria o pedido de casamento. Os dois estavam prestes a sair para o jantar quando Jimmy se deu conta que não havia trazido meias azuis que combinariam com seu terno azul. O detalhe da meia bastou para que ele não conseguisse ir adiante com seus planos até que comprasse meias azuis.

A rigidez do pensamento de Jimmy naquele momento está relacionada à sua dificuldade no desenvolvimento da flexibilidade cognitiva. A flexibilidade cognitiva é uma habilidade que nos permite reconhecer que existem formas diferentes para resolver os problemas, ela nos ajuda a visualizar alternativas às situações que não acontecem como esperado, nos ajudam a mudar nossos planos, estratégias, métodos e formas de fazer as coisas buscando soluções para diversos conflitos mentais ou situações cotidianas como as vivenciadas por Jimmy. Com a flexibilidade cognitiva, o cérebro consegue deixar de pensar em algo (hiperfoco) e pensar rapidamente em outra coisa; consegue também considerar a perspectiva, os interesses e as necessidades do outro na avaliação de uma situação.

Amor no Espectro da Netflix
Imagem da Netflix

Habilidades sociais para a interação

Enquanto acompanhamos os participantes da série na busca por conexão humana, notamos como as habilidades sociais são essenciais para se criar e manter essa conexão. Além da flexibilidade cognitiva, observamos nas tentativas de interação dos participantes como são importantes as habilidades de comunicação verbal (expressar e compreender as nuances da comunicação) e comunicação não verbal (o uso e a compreensão de expressões faciais, contato visual, gestos e sinais sutis sociais como quando olhamos para o celular ou desfocamos o olhar em uma interação demonstrando desinteresse por determinado assunto). O grau de dificuldade em adquirir essas habilidades influencia fortemente a construção de amizades e de relacionamentos amorosos. A coragem e persistência dos participantes da série para desenvolver essas habilidades na frente das câmeras é imensamente inspiradora.

E você, assistiu a ” Amor no Espectro”? Compartilhe conosco seu maior aprendizado acompanhando os desafios amorosos dos jovens com autismo.

Para mais informações sobre como iniciar e construir interações com pessoas com autismo, acesse nossos artigos sobre Autismo e responsividade, e Motivação instrínseca na aprendizagem.

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Por Jaqueline França

Consultora Sênior Trainer da Inspirados pelo Autismo

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Comportamentos indesejados e autismo

O que é um comportamento indesejado?

 

Antes de falar sobre como respondemos aos comportamentos indesejados, faz-se necessário definir o que é um comportamento indesejado.

São aqueles que, em geral se enquadram em 3 grandes áreas:

  • Comportamentos agressivos, tanto autoagressivos como heteroagressivos, e comportamentos que colocam em risco a segurança e saúde das pessoas;
  • Comportamentos que põem em risco a integridade de materiais e/ou do ambiente;
  • Comportamentos que infringem limites que são impostos pelo meio, como por exemplo tirar a roupa em locais públicos, ou gritar palavras repetidamente durante a aula na escola impedindo que os colegas ouçam o professor.

É importante pensarmos sobre esta definição, e pensarmos que o comportamento indesejado, é indesejado para quem? Pois não consideramos comportamentos indesejados os movimentos de isolamento e/ou repetitivos da pessoa autismo, desde que os mesmos não se enquadrem nos itens acima.

Por exemplo, o comportamento de girar a roda do carrinho, se é um comportamento que não prejudica a criança, o objeto ou as pessoas ao redor, não consideramos um comportamento indesejado. Temos outras formas de responder ao comportamento solitário da pessoa de girar a roda do carrinho, que cativam a vontade dela de interagir conosco. Para mais informações sobre como iniciar e construir interações com pessoas com autismo, acesse nossos artigos sobre Autismo e responsividade, e Motivação instrínseca na aprendizagem.

Definido o que são comportamentos indesejados, agora podemos ressaltar que todo comportamento existe por um motivo, tem um porquê, e cabe a nós investigar.

 

Investigando os porquês do comportamento indesejável

 

Recomendamos uma “investigação gentil”, sem julgamento sobre os comportamentos observados, pois assim vamos nutrir pensamentos que produzirão respostas mais eficazes na intervenção. Por exemplo, imagine o seguinte comportamento, a pessoa com autismo quebra de forma recorrente brinquedos e em seguida fica fazendo movimentos repetitivos com as pequenas peças. Esse comportamento pode ter diferentes motivos para ocorrer, diferentes funções. Vamos investigar.

 

Função do comportamento: autorregulação

 

Podemos escolher investigar de forma gentil o motivo do comportamento, sem julgamento, analisando o que aconteceu antes: a criança estava brincando sozinha, em nenhum momento falei com ela ou percebi comunicações dela na minha direção. E o que aconteceu depois: a criança ficou mexendo de forma repetitiva nas pequenas peças, como se fizesse uma “chuva”, buscando movimentos que produzissem múltiplos sons e imagens. Ao fazer este comportamento ela pareceu estar minimamente confortável. Após esta análise percebemos que a criança não teve a intenção de comunicar algo para nós e nem de buscar a nossa atenção, ou seja, ela pode estar buscando uma autorregulação com as ferramentas que tem.

Diante desta hipótese o que podemos fazer? Oferecer brinquedos e/ou materiais que tenham a mesma essência de estímulos que ela busca (por exemplo, peças de lego que são pequenas e coloridas), assim estaremos investindo em uma estratégia preventiva ao comportamento indesejado. Neste caso, também será importante realizar um monitoramento da criança, de modo que o adulto não permita que ela destrua os brinquedos, ao mesmo tempo em que oferecerá alternativas com objetos que também sejam motivadores, e que possivelmente levem a interações.

Notem como é fundamental investigar a função do comportamento, e de forma gentil, se tivéssemos julgado este comportamento de quebrar os brinquedos como “desnecessário”, “falta de respeito com meu esforço”, “uma afronta”, “criança mal-criada, que não dá valor ao que tem”, provavelmente não conseguiríamos investigar a causa do comportamento e tão pouco elaborar uma estratégia eficaz.

 

Função do comportamento: comunicação

 

É importante salientar que, não estamos dizendo que todos os comportamentos de quebrar brinquedos têm esta mesma função de autorregulação. E para deixar bem claro, vou narrar o mesmo comportamento sob uma circunstância diferente. Minha criança quebra os brinquedos e faz movimentos repetitivos com as peças. Nesta circunstância, investigando de forma gentil o motivo do comportamento, sem julgamento, analiso o que aconteceu antes: a criança havia pedido para usar o celular do adulto e o mesmo lhe disse “Não!”. Em seguida, a criança começou a quebrar o brinquedo mais próximo. E o que aconteceu depois: a criança ficou mexendo de forma repetitiva nas pequenas peças, com expressão de raiva e/ou desconforto, e quanto mais você falava com ela, mais ela intensificava a ação de quebrar e mexer nas peças.

Após esta análise, percebemos que a criança fez o comportamento indesejado de quebrar o brinquedo com a função de comunicação, pois o comportamento foi realizado após a criança receber uma negativa (um limite). É como se fosse um protesto comunicativo dela na sua direção. Devemos pensar e lembrar que, a criança está fazendo o melhor que pode com o seu atual desenvolvimento para lidar com a frustração de receber uma negativa e com seus desejos e necessidades.

Pensando desta forma, seremos mais empáticos e teremos uma resposta mais eficaz. Explicaremos que não entendemos o porquê desta ação, uma vez que, mesmo que ela quebre algo ela não vai conseguir o usar o celular naquele momento. Com esta explicação calma e clara, a criança perceberá que esta não é uma comunicação eficaz, que não trará benefícios para ela.

Ao mesmo tempo, é super importante demonstrarmos apreciação e realizarmos uma resposta rápida às comunicações desejáveis dela, principalmente quando ela lidar bem com um limite. Apreciar e responder com entusiasmo à flexibilidade dela também é possível! Por exemplo, a criança lhe pede o celular e você diz que não pode lhe emprestar naquele instante, mas que ela pode ver TV. Se ela aceita sua alternativa (mesmo sem esboçar sorrisos), você pode agradecer e rapidamente ligar a TV, dizendo o quanto você fica feliz quando a criança aceita suas ideias.

 

Função do comportamento: busca de reações dos outros

 

E para ratificarmos a importância da análise do precursor do comportamento e de sua função, vamos pensar no mesmo comportamento indesejado, a pessoa com autismo quebra brinquedos. Investigarmos de forma gentil o motivo do comportamento, sem julgamento, analisando o que aconteceu antes: a criança estava buscando iniciar uma interação com os adultos da forma possível para ela, aproximando-se sem gestos e palavras específicas e claras. Os adultos não percebiam esta aproximação física como um ato comunicativo e seguiam suas programações ignorando a criança. E o que aconteceu depois: após a criança quebrar o brinquedo, os adultos se aproximaram dela e lhe deram atenção, tanto explicando que ela não poderia fazer isso, como tentando ensiná-la a brincar com os brinquedos.

Após esta análise, percebemos que a criança fez o comportamento indesejado de quebrar o brinquedo com a função de “buscar reação”, pois ela nota a partir da resposta dos adultos que, nos momentos em que ela quebra algo recebe porções de tempo e atenção, ela quase controla a casa usando um “controle remoto” em que quebra coisas e todos se mobilizam ao seu redor.

Para responder a este comportamento sugerimos que você minimize sua atenção e expressão quando ela quebrar o brinquedo: aproxime-se de forma calma, imponha claramente um limite explicando que ela não pode quebrar os brinquedos, e guarde o brinquedo. Não ofereça uma grande reação emotiva, pois isso poderia ser interessante para a criança e poderia gratificar seu comportamento oferecendo a atenção desejada por ela.

Já que o que a criança quer é atenção, procure dar atenção de qualidade a ela quando ela demonstrar querer sua atenção utilizando alguma comunicação desejável. Por exemplo, quando ela se aproximar de você, tocar gentilmente em você, olhar para você, der um objeto para você, falar sons ou palavras e frases mesmo que você não compreenda totalmente, responda com entusiasmo e expressividade para manter a interação e gratificar a iniciativa social da criança. Assim a criança perceberá que não precisa quebrar brinquedos para ter a atenção do adulto, pode conseguir a atenção quando se aproxima e indica isso de forma desejável.

 

Revisando…

 

Então, recomendamos que, diante de um comportamento indesejado, você:

  • seja um “detetive gentil”, investigue o que aconteceu antes, durante e depois do comportamento, sem julgar o que a pessoa está fazendo.
  • identifique se o comportamento tem função de autorregulação, comunicação ou buscar reações dos outros.
  • construa uma resposta específica baseada na função do comportamento.

Para saber mais sobre como lidar com comportamentos indesejados das pessoas com autismo, assista a seguir à nossa live que foi realizada por Jaqueline França e Vanessa Maioral.

 

 

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Por Lincoln Macedo

Consultor Sênior Trainer da Inspirados pelo Autismo

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Autismo e motivação intrínseca na aprendizagem

Você já deve ter escutado a seguinte frase: O cérebro precisa ser emocionado para aprender. Pois bem, não vamos falar de estrutura de cérebro agora, mas é preciso saber que além de promover conexão genuína, está no cérebro uma das principais justificativas que nos fazem oferecer brincadeiras onde a motivação é intrínseca.

Mas o que é motivação?

Motivação é um dos pilares da nossa abordagem e se refere a propor atividades onde haja o envolvimento voluntário da pessoa com autismo. Queremos que a pessoa esteja inspirada e motivada pela interação social e para isso utilizamos algumas técnicas e estratégias que possibilitam que a pessoa com autismo esteja mais ativa na interação e tenha mais motivos para interagir conosco. Por exemplo: demonstrar afinidades de interesse, ser expressivo, utilizar todos os instrumentos do corpo, voz, expressão facial, ser agradável e respeitoso, oferecer comemorações às iniciativas sociais da criança – como olhares, sons, palavras e participações físicas. Usar adereços, óculos, pintura facial e ou chapéus divertidos também são ferramentas que podem estimular a motivação das pessoas com autismo.

Essas técnicas nos ajudam a nos conectar com a pessoa com autismo. Queremos mais do que propor oportunidades de aprendizagem: queremos inspirar pessoas com autismo a desejar mais interações sociais. Logo, fazemos convites divertidos para brincar. E convites não são uma ordem, são convites.

Motivação intrínseca e motivação extrínseca

Antes de falarmos sobre motivação intrínseca, gostaria de falar sobre a motivação extrínseca.

Motivação extrínseca é quando nós, adultos, solicitamos algo à criança diante da condição de que se ela fizer, ela ganhará algo externo. Geralmente o que a criança irá ganhar não tem conexão com a atividade corrente. Por exemplo: Se ela comer os legumes, ganhará sorvete de sobremesa; ou se fizer o dever de casa, poderá jogar vídeo game. Em nenhum desses exemplos nosso objetivo é ajudar a criança a compreender os benefícios e gostar de comer legumes, ou entender e compreender a necessidade e importância do dever de casa.

Vou compartilhar com vocês uma situação pessoal que me ajudou muito a perceber como a motivação intrínseca é a chave para o aprendizado e também nos oportuniza liberdade para desenvolver nosso potencial.

Eu fiz prova de direção duas vezes. Na primeira vez cheguei toda animada, e quando encontrei o fiscal, logo cumprimentei e não tive nenhuma resposta, ele apenas disse “pode começar”. Nenhum sorriso, cumprimento e nenhuma possibilidade de conexão. Resultado: eu sabia dirigir, mas o medo tomou conta e eu afoguei o carro 2 vezes. No segundo exame, quando encontrei um outro fiscal, ele logo perguntou meu nome, e sabendo que eu havia falhado uma vez, logo expressou que eu conseguiria dessa vez. Descobri que ele é avó de um garotinho com autismo, e logo essa afinidade de interesse entre nós tornou a nossa interação muito agradável para ambos. Realizei a prova com  o mesmo empenho da primeira vez, mas dessa vez existia algo diferente, o processo foi muito prazeroso e agradável, o que permitiu que eu entrasse em contato com memórias afetivas positivas, e minha performance me levou a um bom resultado.

 Quando associamos os desafios sociais da pessoa aos seus interesses e ações motivadoras, estamos promovendo e construindo memória afetiva em relação àquele aprendizado. O que nos leva a mais tentativas, respostas espontâneas e generalização de habilidades para outros contextos.

Retomando o exemplo da criança que não queria comer legumes, podemos tornar o ato de comer legumes mais motivador, oferecendo um modelo de alguém que come o legume e fica muito forte, feliz e saudável, e até mesmo associar com ações motivadoras. Por exemplo: quando eu como a cenoura eu fico forte e posso fazer cosquinha na minha criança, ou fico forte para ajuda-la a pular na bola de pilates.

Eu também posso também tornar o momento de fazer o dever de casa muito prazeroso para minha criança ao incorporar o seu personagem preferido e ajudá-la no dever. Fazer variações na voz, na expressão facial, usar chapéus e óculos fazem parte da composição da atividade. Comer legumes e fazer o dever de casa podem ser atividades nas quais a motivação é intrínseca quando ajudamos a criança a ter prazer e gostar da atividade por si, não necessitando de reforçadores externos.

É importante destacar a importância de se usar motivação intrínseca, principalmente nos estágios iniciais de desenvolvimento da criança com autismo, visto que ela pode apresentar como característica o interesse maior por objetos do que por pessoas ou por interações sociais, e utilizar estratégias de motivação extrínseca pode a longo prazo reforçar essa lógica.

Na live a seguir, Vanessa Maioral e Lincoln Macedo conversam sobre elementos que podem ajudar a pessoa com autismo a estar mais motivada durante as atividades realizadas com familiares, profissionais e amigos.

 

Esperamos que essas dicas possam ser úteis e inspiradoras para vocês que estão próximos de pessoas com autismo. Se quiserem saber mais sobre motivação intrínseca e autismo, acompanhe nossas redes sociais pelo Facebook e pelo Instagram.

Por Jaqueline França

Consultora Sênior Trainer da Inspirados pelo Autismo

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Autismo e responsividade

O que é responsividade?

Ser responsivo significa ser uma pessoa que responde aos sinais sociais e as iniciativas sociais de forma positiva. De forma mais detalhada, podemos dizer que responsividade é a capacidade de responder rapidamente de modo adequado à situação em questão, validando a comunicação do outro de forma respeitosa. Quando eu sou responsivo eu ofereço qualidade na resposta, ou seja, eu respondo às necessidades físicas, psicológicas e emocionais do outro de forma carinhosa. Eu presto atenção aos sinais, sendo um ouvinte atento ou um telespectador animado.

Um exemplo prático de responsividade seria quando a criança emite um som não claro como “auá” para pedir água e nós respondemos com uma apreciação (por exemplo “Obrigada por falar ‘Auá’ para pedir água”) e rapidamente oferecemos o copo com água. A forma como respondemos essa criança mostra para ela que somos responsivos e estamos prontos a atender suas iniciativas claras ou não claras.

Quais os benefícios da responsividade quando nos relacionamos com pessoas com autismo?

Uma das perguntas mais comuns que nos fazem é:  Quais as vantagens de ser uma pessoa responsiva? E o que costumamos responder é que sendo responsivos, somos o modelo no processo de desenvolvimento, ou seja, a pessoa no espectro do autismo aprende e reproduz o nosso comportamento, porque ela percebe que estamos ali para aumentar o vínculo afetivo, por consequência criamos mais empatia.

A responsividade pode estar presente mesmo em momentos de comportamentos indesejados. Muitas vezes, a pessoa com autismo está em crise – sendo apontada por muitos como um comportamento de birra – e nós não entendemos qual é o MOTIVO. De forma calma e clara, falamos que estamos ali para ajudar e que gostaríamos muito de entender o porque ela está chorando. Podemos também oferecer conforto emocional e até mesmo espaço físico, se necessário e dessa forma, reforçamos a sensação de segurança da pessoa com autismo e podemos ajudá-la a gerenciar melhor suas emoções.

Criar interesses em comum também é um benefício da responsividade, pois os interesses trazem mais repertório de engajamento numa sessão lúdica, por exemplo. E é esse engajamento que irá abrir as portas para o aprendizado de novas habilidades e contribui para o desenvolvimento da pessoa com autismo.

Para concluir, uma ótima reflexão que nos ajuda a visualizar como a responsividade pode ser uma ferramenta poderosa no desenvolvimento de pessoas com autismo, é quando nos lembramos que mesmo pessoas neurotípicas se sentem muito mais compelidas a se envolver em atividades quando sentem que suas necessidades e demandas são acolhidas com compreensão e afeto.  Nunca devemos esquecer que a vida floresce mais bela quando sentimos que as pessoas nos entendem, nos validam e nos amam.

Lincoln Macedo e Jaqueline França dão dicas nesta live da Inspirados pelo Autismo sobre como ser responsivo com sua criança com autismo.

Esperamos que essas dicas possam ser úteis e inspiradoras para vocês que estão próximos de pessoas com autismo. Se quiser saber mais sobre responsividade e autismo, acompanhe nossas redes sociais pelo Facebook e pelo Instagram.

Por Vanessa Maioral

Consultora Sênior Trainer da Inspirados pelo Autismo

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Pesquisa comprova que participação dos pais é essencial para a linguagem de crianças com autismo

Os pais podem ajudar a criança com autismo a se comunicar mais

A ideia de levar o seu filho ao consultório do fonoaudiólogo ou ao profissional especializado na promoção das habilidades de comunicação de pessoas com autismo e esperar do lado de fora, sem saber o que se passa na sessão, apenas torcendo para que o profissional tenha sucesso, faz parte do passado. Estudos das últimas duas décadas têm comprovado a eficácia de uma intervenção precoce e da parceria entre profissionais e familiares de crianças com autismo na promoção do desenvolvimento. Os pais são hoje uma figura-chave no programa de desenvolvimento da criança.

A aprendizagem no dia a dia

Na primeira infância, as crianças com desenvolvimento típico e atípico adquirem suas habilidades no dia a dia, nas interações prazerosas com os pais, nas brincadeiras divertidas com os familiares, na hora do banho, na hora das refeições, na historinha que é contada na hora de dormir, nas canções que são entoadas pela família, no programa de TV que é assistido junto com os familiares, nos passeios ao parque, praia, pracinha da cidade. Todos esses momentos se apresentam como oportunidades para o crescimento e desenvolvimento. Por que investir somente nas poucas horas de semana que a criança tem com o terapeuta e não aproveitar esses momentos com os familiares?

Muitos pais têm o receio de “atrapalhar” o desenvolvimento da criança com diagnóstico do autismo e preferem então “não interferir” ou “não participar” no tratamento proposto pelos profissionais da criança. Mas as pesquisas mostram que, com o treinamento oferecido por profissionais, os pais podem ser grandes promotores do desenvolvimento de habilidades e do bem-estar de seus filhos. Pais e profissionais podem colaborar com ótimos resultados!

A pesquisa sobre intervenções de linguagem aplicadas por pais

Uma meta-análise(1) – estudo de outros estudos – publicada no American Journal of Speech-Language Pathology compilou e avaliou os dados de 18 estudos de intervenções de linguagem aplicadas por pais de crianças entre 18 e 60 meses com dificuldades de comunicação, inclusive crianças com diagnósticos do espectro do autismo.

Em todos os estudos avaliados por Megan Roberts e Ann Kaiser, pesquisadoras da Vanderbuilt University, os pais receberam treinamento de profissionais sobre como aplicar estratégias específicas para a promoção do desenvolvimento da linguagem de suas crianças. As crianças nos grupos de controle não participaram de terapia; participaram apenas de terapia com profissionais de linguagem; ou receberam outros tipos de serviço da comunidade.

Os resultados da meta-análise indicam que as intervenções de linguagem aplicadas por pais são uma abordagem eficaz para as intervenções precoces de linguagem dirigidas a crianças com atraso no desenvolvimento da linguagem.

Estratégias utilizadas pelos pais

A pesquisa cita algumas das principais estratégias que foram ensinadas para os pais e aplicadas por eles com suas crianças nas interações e brincadeiras diárias:

responsividade (responder às tentativas de comunicação mostrando para criança que sua comunicação é válida e útil);
imitação (imitar os gestos, sons, palavras e brincadeiras da criança);
promoção de mais turnos comunicativos das crianças (alimentar a comunicação/conversa com contribuições interessantes para a criança);
modelagem de palavras e sentenças (dar um exemplo claro de que palavra ou sentença a criança poderia usar na situação para comunicar a mensagem);
expansão de linguagem baseada nos interesses da criança (falar/brincar sobre tópicos do interesse da criança);
preparação ambiental (manipular o ambiente de forma a incentivar a comunicação, por exemplo: se a criança gosta de blocos de montar, os pais podem dar alguns blocos para a criança, deixar o restante numa prateleira fora do alcance, porém à vista, aguardar a criança pedir mais e prontamente dar mais blocos a ela respondendo à comunicação);
pausas (oferecer uma ação motivadora para a criança e pausar, por exemplo: fazer cócegas, pausar e aguardar a criança comunicar que quer mais);
solicitação de fala (quando a criança claramente quer algo os pais podem pedir que ela fale o que deseja. Podem inclusive modelar a fala para a criança);
reforços naturais (gratificações intrinsecamente ligadas à comunicação, por exemplo: a criança pede para a mãe abrir um pote transparente, a mãe abre e a criança pega de dentro do pote um de seus brinquedos favoritos);
dicas gestuais/visuais (por exemplo: gestos dos pais na direção do objeto de desejo da criança; símbolos, figuras ou palavras escritas que representam o objeto ou ação desejada pela criança).

Resultados

As estratégias utilizadas pelos pais levaram ao aprimoramento das seguintes habilidades de comunicação das crianças:
comunicação receptiva (o quanto a criança compreende o que os outros comunicam);
comunicação expressiva verbal e não-verbal (como a criança fala, gesticula e usa expressões faciais para se comunicar);
frequência de comunicação;
vocabulário;
gramática.

Os pais apresentaram a mesma eficácia que os profissionais especializados em linguagem na promoção do desenvolvimento das habilidades citadas acima. E a eficácia dos pais foi ainda maior que a dos profissionais para auxiliar suas crianças a desenvolver a comunicação receptiva e a gramática!

Recomendações do estudo

No final do artigo, o estudo oferece algumas recomendações baseadas nos resultados obtidos:
as intervenções devem focar em interações sociais comunicativas entre pais e crianças;
• os pais devem receber treinamento para aumentar a utilização de formas linguísticas específicas através de modelagens e expansões da linguagem da criança;
• os pais devem receber treinamento em casa nas suas rotinas diárias;
• intervenções aplicadas por pais podem ser eficazes para crianças com vários níveis de habilidades intelectuais e de linguagem;
• o treinamento dos pais por parte de profissionais cerca de uma vez por semana pode promover o desenvolvimento de linguagem das crianças.

Parceria entre profissionais e pais

A Inspirados pelo Autismo investe no treinamento de pais como chave para a promoção do desenvolvimento e do bem-estar de pessoas com diagnósticos do espectro do autismo. Os pais podem ser uma poderosa fonte de apoio para as crianças. Os pais já nutrem um amor incondicional por seus filhos e os conhecem como ninguém. Se oferecemos as ferramentas para que os pais aproveitem ao máximo as oportunidades de aprendizagem presentes no dia a dia com seus filhos, nossas crianças podem vivenciar uma aceleração no desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais, cognitivas e motoras. Nos quase 20 anos de experiência de nossa equipe, temos visto a imensa diferença que os pais podem fazer na vida de suas crianças.

Vamos nos unir, pais e profissionais, para inspirarmos juntos nossas crianças a se desenvolver e a crescer felizes!

Criança com autismo brincando - tratamento para o autismoPara conhecer mais sobre a metodologia de trabalho da Inspirados pelo Autismo, visite as seguintes página de nosso site:
Abordagem da Inspirados pelo Autismo, que fala sobre os pilares da metodologia;
Atividades interativas para pessoas com autismo, que contém diversos exemplos de brincadeiras que utilizamos para auxiliar nossas crianças a aprender de forma divertida;
Atividades de vida diária para pessoas com autismo, com exemplos de atividades para o desenvolvimento no dia a dia.

Nossos cursos oferecem estratégias para uma parceria eficaz entre pais e profissionais de saúde e de educação nos 4 Módulos disponíveis. Veja o conteúdo dos cursos para saber como cada curso pode ajudar você, familiar ou profissional:
Módulo 1 – Autismo, interação prazerosa e aprendizagem
Módulo Escola – Educação inclusiva para pessoas com autismo
Módulo 2 – Coordenando um programa de desenvolvimento
Módulo 3 – Metas e atividades interativas para o desenvolvimento de habilidades

Referências

(1)Roberts, M., & Kaiser, A. (2011). The Effectiveness of Parent-Implemented Language Intervention: A Meta- Analysis. American Journal of Speech-Language Pathology, 20, 180-199.

 

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10 benefícios oferecidos pelo curso Educação Inclusiva para Pessoas com Autismo

Participando do curso, você aprenderá:

1. Como estabelecer uma parceria entre familiares, equipe multidisciplinar, professores, coordenadores e colegas na educação inclusiva

É essencial a consistência do trabalho em equipe com o objetivo de promover o desenvolvimento e bem-estar da criança. Para isso, será mostrado como estabelecer uma relação de trabalho frutífera e dinâmica, entre os familiares, os profissionais da escola e os profissionais da equipe multidisciplinar. A aprendizagem cooperativa entre a criança com autismo e os colegas também será discutida e exemplificada.

2. Quais estratégias o professor regente poderá utilizar para promover a aprendizagem do estudante com autismo

Será mostrado que informações claras e diretas, exemplos contextualizados e significativos para a crianças, a inclusão dos temas de interesse dos estudantes no planejamento das aulas, atividades práticas, o uso de apoios visuais,  música, gestos e objetos facilitam o aprendizado. Além disso, serão oferecidas ideias sobre como nutrir a autoestima e autoconfiança da criança, essenciais para que o estudante mantenha-se concentrado no processo de aprendizagem.

3. Quais estratégias o professor mediador poderá utilizar para também promover a aprendizagem do estudante com autismo

O professor mediador, em parceria com o professor regente, tem o objetivo de facilitar o envolvimento do aluno com a aprendizagem cognitiva, motora e social. A presença do professor mediador é fundamental para a eficácia da educação inclusiva e seu papel será esclarecido durante o curso.

4. Como realizar a mediação da interação entre os estudantes da classe e o aluno com autismo

Para a maioria das crianças com autismo, estar ao lado de crianças com desenvolvimento típico na escola não é o suficiente para que elas consigam participar das atividades em grupo e das brincadeiras lúdicas, assim como para criar e manter amizades. Estratégias para possibilitar a participação em atividades do grupo e o aprofundamento de relações sociais serão apresentadas no curso.

5. Como criar uma rotina personalizada integrada à rotina da classe

Colocando-nos no lugar das pessoas com autismo, alteramos nosso olhar e nossa compreensão sobre os comportamentos e enxergamos novas formas para lidar com os desafios do ambiente e propiciar um dia a dia mais confortável às pessoas com autismo com as quais convivemos. É importante que os profissionais observem e atentem-se para as características pessoais do aluno, verificando como ele se comporta diante dos estímulos do meio físico e social, de seu ritmo biológico, e das atividades pedagógicas, de forma a então se identificar as metas e as estratégias para alcançá-las.

6. Como tornar o ambiente físico da escola inclusivo favorecendo o aprendizado do aluno com autismo

Na educação inclusiva, a escola e a comunidade oferecem o ambiente necessário para que a criança consiga acompanhar e participar ativamente das aulas e atividades. Cada estudante com autismo tem seu conjunto de características únicas, e a organização do ambiente coletivo deve considerar as necessidades individuais dos estudantes.

7. Como preparar materiais pedagógicos acessíveis e inclusivos

Para trazer acessibilidade ao ensino-aprendizagem, a maioria das crianças com autismo se beneficia, pelo menos nos primeiros anos da educação inclusiva, de materiais pedagógicos que acolham seus interesses, suas necessidades motoras e sensoriais, suas habilidades de atenção. A forma como uma informação é oferecida e a forma como se pede que a criança execute uma tarefa específica podem ser essenciais para um resultado positivo.

8. Como proporcionar o grau de desafio adequado nas atividades propostas

Se o grau de complexidade de uma tarefa é alto demais para a criança, a aprendizagem não é acessível e o sentido de auto-competência da criança é prejudicado. Entretanto, se o grau de complexidade da tarefa é baixo demais, a criança pode ficar entediada e não querer participar das atividades. Respeitar o desenvolvimento único de cada criança é uma das missões da escola inclusiva.

9. Quais estratégias poderão ser utilizadas para a avaliação

No processo de ensino-aprendizagem, tanto o componente “ensino” quanto o componente “aprendizagem” devem ser continuamente avaliados para que a criança tenha oportunidades de aprendizagens cada vez mais acessíveis e eficazes. Tanto o planejamento, a execução e os critérios de avaliação devem levar em conta a forma diferenciada como a criança organiza e expressa seu conhecimento e suas habilidades.

10. Como estabelecer regras e limites na escola

O ambiente da escola é, geralmente, um ambiente no qual a criança é exposta a uma maior exposição de limites do que o ambiente do domicílio. A imposição de limites é necessária para que se atenda às necessidades e direitos do grupo, e para a manutenção da segurança e saúde de todos no ambiente. Dicas sobre como estabelecer os limites e sobre como responder aos possíveis comportamentos de protesto relativos a esses limites serão ofertadas no curso. Exemplos de comportamentos indesejados e de imposição de limites na escola serão discutidos com os participantes do curso.

O curso é voltado para pais, familiares, professores e outros profissionais ligados às pessoas com autismo. Confira os próximos cursos e se inscreva: Cursos da Inspirados pelo Autismo

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Atividade para desenvolver a comunicação – desenhando uma história em quadrinhos

Desenhando uma história em quadrinhos

Interesses:

Desenhar, ouvir e contar histórias, personagens de histórias em quadrinhos (por exemplo, a Turma da Mônica).

Metas principais:

Comunicação verbal (relatar experiências).
Desenvolver período de atenção compartilhada de 15 min ou mais.

Ação motivadora (o papel do adulto):

O adulto desenha em uma cartolina uma história em quadrinhos divertida com os personagens prediletos da criança.

Solicitação (o papel da criança):

A criança contar algo que ela fez na escola para que o adulto desenhe o que aconteceu com ela.

Estrutura da atividade:

O adulto mostra para a criança uma cartolina com vários quadrados sequenciais em branco e também vários lápis de cor ou conjuntos de giz de cera e explica animadamente que eles vão fazer uma história em quadrinhos com os personagens da Turma da Mônica. O adulto pega então um dos lápis de cor ou giz de cera e começa a desenhar com empolgação e entusiasmo um dos personagens da Turma Mônica, comentando com a criança: Nossa, você sabe o que o Chico Bento fez hoje na escola? Hoje quando ele chegou a escola, ele descobriu que ia acontecer uma festa! O adulto estabelece uma atividade cíclica em que ele conta a história do Chico Bento e desenha por alguns momentos na cartolina, afasta-se fazendo suspense e, de forma previsível volta a continuar a história oral sobre o Chico Bento e o desenho, repetindo diversos ciclos sem pedir nada à criança, apenas fazendo a ação motivadora de contar a história e de desenhar de graça, pausando por alguns segundos enquanto faz suspense, fazendo a ação novamente, pausando, e assim por diante. Usando o personagem da Turma da Mônica, o adulto mostra para a criança como fazer para contar fatos que aconteceram naquele dia na escola. O adulto segue contando mais sobre o que aconteceu com o Chico Bento na escola, descrevendo diferentes situações engraçadas, enquanto também desenha as situações para a criança. Quando a criança encontra-se altamente motivada pela ação do adulto, demonstrando este interesse através de olhares, sorrisos, gestos, sons ou palavras, o adulto passa a solicitar que a criança lhe conte alguma coisa que aconteceu com ela na escola (o adulto pode perguntar especificamente sobre coisas que aconteceram com a criança na escola, mas se a criança falar sobre outra coisa que aconteceu em outro lugar, o adulto comemora essa iniciativa e estimula a criança a contar mais sobre o que aconteceu com ela naquele dia e lugar). A solicitação é um convite animado, e não uma ordem. O adulto estimula a criança a contar sobre o que aconteceu com ela na escola e responde a qualquer tentativa da criança em contar os fatos com uma celebração e a volta da ação desejada por ela (desenhar a história em quadrinhos). Desta forma, o adulto mostra para a criança a função de sua comunicação verbal e a importância de contarmos uns para os outros aquilo que nos acontece no dia a dia. Nos próximos ciclos da brincadeira, enquanto a criança continua altamente motivada, o adulto a estimula a contar o que aconteceu com ela em outros lugares e situações. Por exemplo, o adulto pode perguntar o que a criança fez no fim de semana, na casa da vovó ou durante a aula de natação, etc.

Variações:

Podemos ajustar o grau do desafio desta atividade quando a criança já consegue relatar o que aconteceu na escola (ou em outros lugares) com facilidade e constância e propor um ciclo de conversa em que o episódio seja contado com mais detalhes. Conforme o estágio de desenvolvimento da criança, o adulto poderá ajudar a criança a descrever emoções, a fazer comentários, e a expressar gratidão e apreço por outras pessoas envolvidas nas situações descritas.

Para ajudar a criança a manter-se motivada durante a interação e prolongar o tempo de duração da atividade, podemos inserir em alguns ciclos pequenas variações na ação motivadora, por exemplo, fazer encenações, usar objetos ou fantoches para tornar a história que está sendo contada e desenhada mais interessante. O adulto poderá desenhar enquanto canta alguma música que a criança goste ou usando um tom de voz divertido. O adulto poderá também estar fantasiado de algum personagem da Turma da Mônica durante a atividade.

Caso a criança não se interesse pelos personagens da Turma da Mônica, podemos manter a atividade original e modificar os personagens de acordo com os interesses dela, por exemplo, transformando-nos em um outro super herói, animal ou personagem que a criança aprecie. Se ela gosta dos personagens da animação “Carros”, da Disney, podemos ser o McQueen ou o Mate que aceleram pelo quarto enquanto contam sobre o que aconteceu com eles, para que depois estacionem próximos à cartolina e comecem o desenho.

Se a criança se interessa por desenhos e pela Turma da Mônica, mas desejamos trabalhar uma meta diferente da comunicação verbal como, por exemplo, ajudar a criança a participar fisicamente em uma atividade interativa, podemos manter a brincadeira, mas modificar o papel da criança na atividade. Ao invés de solicitarmos que ela conte o que aconteceu hoje na escola, explicamos e mostramos a ela que ela pode tocar em diferentes figuras para nos mostrar que personagens ela gostaria que desenhássemos. Ainda na área de participação física, podemos pedir que ela pegue objetos ou vista peças de vestuário que poderão ser desenhados dentro da história em quadrinhos da Turma da Mônica.

Se a criança não se interessa por desenhar histórias em quadrinhos naquele momento, podemos manter a mesma estrutura da brincadeira e oferecer uma ação motivadora diferente, como por exemplo, dar voltas pelo quarto dentro de uma caixa ou dentro de um cobertor/lycra para “viajar” para diferentes lugares, onde a criança e o adulto poderão contar e representar histórias com os personagens da Turma da Mônica, enfatizando alguma coisa que aconteceu com os personagens em cada determinado lugar.

Quer aprender a criar Atividades Interativas e a utilizar a Tabela de Habilidades da Inspirados pelo Autismo para acompanhar o desenvolvimento de crianças, adolescentes e adultos com autismo? Participe de nossos cursos!

Quais são as brincadeiras prediletas da criança com autismo com a qual você convive? A criança gosta de desenhar? Experimente a atividade de desenhar uma história em quadrinhos com a criança e conte para gente!

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Rolar para cima

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 17 a 20 de setembro

Investimento por participante:
1º lote: R$1428 até o dia 10/07/20 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 10/08/20 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 08/09/20 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 08 de setembro de 2020 (terça-feira).

Descontos em mais de um curso: Quem se inscrever em 2 cursos, também tem o desconto de 5% somado ao desconto por prazo de inscrição. Quem se inscrever em 3 ou mais cursos tem o desconto de 10% somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral dos cursos. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras.

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 24 a 27 de março

1º lote: R$1428 até o dia 17/12/21 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 15/02/22 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 15/03/22 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 15 de março de 2022 (terça-feira).

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.