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Autismo não verbal

Adolescente com autismo surpreende seus pais ao escrever uma carta profunda e sensível sobre pessoas com autismo

Autismo não verbalO jornal americano The Washington Post publicou em seu site uma detalhada matéria sobre Gordy, um adolescente com autismo não-verbal que surpreendeu seus pais ao escrever uma carta profunda e sensível sobre pessoas com autismo. A carta elaborada por Gordy foi direcionada ao departamento policial de sua localidade.

Segundo a matéria, ao longo dos primeiros 14 anos e meio da vida de Gordy, seus pais, Evan e Dara Baylinson, não pensavam que seu filho pudesse compreender qualquer coisa que eles dissessem. Gordy nunca tinha falado e isso fazia com que os seus pais conversassem frequentemente na sua presença acreditando que o filho não os compreendia. Os pais de Gordy descobririam recentemente que o filho compreendia sim os diálogos entre os membros da família. Ao longo do tempo, Gordy foi absorvendo tudo o que era falado na frente dele.

Para elaborar a mensagem enviada aos policiais de sua cidade, Gordy digitou cada letra, uma de cada vez, com o seu dedo indicador direito. O adolescente não foi treinado e suas palavras não foram editadas. Ninguém disse a ele o que escrever, segundo os seus pais e a terapeuta que o acompanha. Para Gordy, a carta é um chamado por atenção, reconhecimento e aceitação. A carta foi uma surpresa para a família e mostrou que Gordy é um excelente escritor, com muito a dizer. Gordy foi diagnosticado quando ele tinha 17 meses de idade. Agora, aos 16 anos, ele ainda não fala, mas tem mostrado que sua mente é repleta de conhecimento e de visões e opiniões sobre o mundo ao seu redor, que ele observa, acompanha e escuta com atenção.

A descoberta capaz de surpreender a família aconteceu em fevereiro de 2015. Uma das terapeutas da equipe de Gordy, Meghann Parkinson, começou a utilizar com ele uma nova abordagem chamada Rapid Prompting Method (RPM), que abrange um conjunto de técnicas desenvolvidas para auxiliar pessoas com autismo severo no desenvolvimento da linguagem. A abordagem inclui sessões em que a terapeuta faz perguntas, que o adolescente responde apontando para letras em uma placa de alfabeto. Após pouco mais de um ano de tratamento, Gordy demonstra avanços e já utiliza um teclado tipo QWERTY (layout de teclado atualmente mais utilizado em computadores e máquinas de escrever). As palavras aparecem na tela de um iPad, que fica apoiado na frente de Gordy, enquanto ele digita.

O Rapid Prompting Method é considerado muito controverso, sendo que, para alguns especialistas, a abordagem faz com que os terapeutas levem as crianças aos resultados observados. Há outros especialistas, contudo, que dizem que é possível, em uma minoria de casos, que pessoas com diagnósticos similares ao de Gordy possam aprender a se comunicar a partir da abordagem, beneficiando-se dela. Connie Kasari, uma reconhecida especialista em autismo e membro do Centro para Pesquisa e Tratamento do Autismo, na Universidade da Califórnia (UCLA), afirma: “Algumas crianças vão se beneficiar, outras crianças não. Não dá para dizer que um mesmo modelo servirá a todos. Alguns indivíduos que não são verbais são incrivelmente inteligentes.” O pai de Gordy, por exemplo, era cético no início do tratamento e estava ciente das inúmeras controvérsias que envolviam essa abordagem. Mas, com o tempo, quanto mais ele observava os conteúdos produzidos por Gordy, mais ele foi ficando convencido de que essas palavras eram realmente de Gordy, e que Gordy as estava elaborando sozinho.

A carta elaborada por Gordy ao departamento de polícia de sua localidade foi escrita durante sessões de tratamento utilizando o Rapid Prompting Method. A carta de Gordy chegou às mãos de Laurie Reyes, policial responsável por um programa que treina oficiais sobre como abordar e lidar com pessoas com autismo. Segundo Laurie Reyes, o departamento recebe duas a quatro ligações por semana para casos em que crianças com autismo se afastaram ou se perderam de casa. Por isso, ela começou um programa único para ensinar os oficiais a tratar as pessoas autismo com dignidade e compaixão. “Eu sempre compartilhei com os oficiais que ensino que não devemos nunca subestimar uma pessoa com autismo.” “Eu também ensino a eles a não associar o fato de a pessoa ser não-verbal com um possível déficit de inteligência. Insisto continuamente nesses dois pensamentos junto aos meus oficiais.” escreveu Reyes para Gordy. A policial disse que a carta de Gordy vai ajudar a reforçar estas ideias cada vez mais junto à sua equipe.

Após a elaboração da carta enviada ao departamento policial, os pais de Gordy contam que o garoto continua a surpreendê-los. Por exemplo, eles estavam trabalhando sobre vulcões e mencionaram o Monte Vesúvio, o único vulcão ativo na Europa continental. Os pais perguntaram a Gordy se ele conhecia um vulcão ativo nos Estados Unidos e ele digitou “Mt. St. Helen”. Seus pais afirmaram que nunca haviam lhe ensinado nada sobre isso e eles descobriram que Gordy tinha visto essa notícia certa vez na capa de uma revista, na sala de espera de um médico.”O céu é o limite para ele agora. Eu acredito que ele pode fazer o que quiser “, disse Evan Baylinson, pai de Gordy. Perguntaram a Gordy que tipo de trabalho ele estaria interessado em fazer e ele respondeu que gostaria de ser um pesquisador para a revista Time.

Leia abaixo a tradução livre para a Língua Portuguesa da carta elaborada por Gordy:

“Meu nome é Gordy e eu sou um adolescente com autismo que não consegue falar. Eu prefiro este termo, ao invés de baixo funcionamento ou baixo desempenho, porque se eu estou escrevendo esta carta, e eu realmente estou, eu estou claramente em funcionamento. Eu me senti fortemente encorajado sobre escrever hoje para dar a vocês um pequeno insight extra sobre as ligações desconexas que supostamente deveriam fazer o meu cérebro e o meu corpo trabalharem juntos em harmonia. Mas eles não fazem isso juntos, e está tudo bem. Você vê, a vida para mim e para outros como eu é um jogo diário, no entanto, este jogo não é divertido, é um cabo-de-guerra. O meu cérebro, que é muito parecido com o seu, sabe o que quer e como fazer isso de forma bem clara. Meu corpo, que é muito parecido com o de um bêbado, ou com o de uma criança de um metro e oitenta, resiste.

Esta carta não é um grito por pena, já que pena não é o que eu estou procurando. Eu me amo exatamente do jeito que eu sou, um corpo de criança, um corpo bêbado e tudo mais. Esta carta é, no entanto, um grito por atenção, reconhecimento e aceitação.

Tendo a sua atenção, eu posso ajudá-lo a reconhecer os sinais de pessoas com autismo que não conseguem falar. Se você puder reconhecer esses sinais, então você será capaz de reconhecer nossas diferenças, o que depois leva à compreensão dessas diferenças, o que nos leva para as maravilhas da aceitação. Com estes ingredientes simples, juntos nós podemos criar um ambiente seguro, acolhedor e feliz para as pessoas com autismo e para as pessoas neurotípicas, igualmente. 

Os sinais físicos a observar são o agitar das mãos ou algum outro movimento socialmente inaceitável, palavras, ruídos ou comportamentos em geral. Isso é incontrolável. Com uma mente e os sentimentos muito parecidos com os de qualquer outra pessoa, você acredita realmente que nós gostamos de agir dessa maneira? Eu não, isso é certo.

Se uma pessoa se torna agressiva, mordendo ou batendo, por exemplo, obviamente, você deve proteger-se, mas não há razão para usar a agressão de volta. Lembre-se, esta agressão é uma reação incontrolável, provavelmente desencadeada pelo medo.

Nada significa mais para pessoas como nós que o respeito. Posso lhe dizer, com quase cem por cento de certeza, que a situação vai ficar muito mais fácil com este entendimento.

Tenho muito respeito por todos vocês e por tudo o que vocês fazem. Se não fosse por vocês, eu nunca teria tido esta oportunidade para defender a mim e às outras pessoas com autismo. Estou ansioso para conhecê-los.

Atenciosamente, 

Gordy”

Você conhece ou se relaciona com alguma pessoa com autismo não-verbal ou que no momento não consegue falar, mas consegue se comunicar por figuras ou por linguagem escrita? Deixe seu comentário e compartilhe sua experiência com outros pais e profissionais.

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Sistema sensorial de pessoas com autismo

Como os estímulos do ambiente afetam as pessoas com autismo

Sistema sensorial de pessoas com autismo

Autismo é a denominação dada a um conjunto de características derivadas de um desenvolvimento neurobiológico atípico. Na atualidade, o autismo é referido como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), termo que descreve um complexo grupo de transtornos de desenvolvimento caracterizado por dificuldades na interação social, comunicação e comportamento. Características do autismo incluem alterações no desenvolvimento de habilidades sociais e de comunicação, interesses restritos e comportamentos repetitivos.

O Espectro do Autismo é uma nomenclatura que indica uma ampla variação na sintomatologia e graus de dificuldades ou habilidades. Como as características das pessoas no Espectro do Autismo podem variar amplamente, comportamentos relacionados ao autismo nem sempre são compreendidos adequadamente.

O processamento sensorial das pessoas com diagnósticos do espectro do autismo pode ser diferenciado, e é comum notarmos, entre outras características, o aumento da sensibilidade ou a diminuição da sensibilidade a determinados estímulos, o que no campo da Terapia Ocupacional é chamado de “hipersensibilidade” ou “hipossensibilidade”. Muitas pessoas no espectro também apresentam dificuldade para filtrar os estímulos sensoriais, descartar o que for irrelevante e organizar o que for relevante, e podem sentir-se sobrecarregadas.

O aumento ou a diminuição da sensibilidade, somados a uma dificuldade na filtragem e organização dos estímulos, podem representar desafios sensoriais com impactos consideráveis para o bem-estar das pessoas com diagnósticos do espectro do autismo em seu dia a dia. Assim, alguns ambientes considerados confortáveis para outros indivíduos podem ser extremamente desafiadores para as pessoas que apresentam o transtorno.

Para que você possa compreender como os estímulos do ambiente afetam as pessoas com autismo, convidamos você a experimentar as sensações provocadas pelos vídeos abaixo. A seleção dos vídeos foi feita a partir do site Mashable e de pesquisas no Youtube. As explicações sobre cada vídeo foram traduzidas do site Mashable e do Youtube:

Vídeo 1 – Tomando um café

A ida à uma cafeteria é concebida sob o ponto de vista de Carly Fleischmann, uma adolescente com autismo.
Baseado em um trecho do livro de Carly (Breaking through Autism, ou, em Português, Rompendo com o Autismo), o vídeo mostra porque para alguém com diagnóstico do espectro do autismo ir para um café pode acabar se transformando em uma situação muito desafiadora. O vídeo está na Língua Inglesa e contém legendas em Português.

Vídeo 2 – Transitando pela cidade

O filme de animação busca reproduzir as sensações experimentadas por uma pessoa com autismo durante um bombardeio sensorial.

Vídeo 3 – Brincando no parquinho

Neste vídeo, é possível navegar através de um parque infantil na perspectiva de uma criança com autismo que demonstra hipersensibilidade auditiva. A proximidade com outras crianças provoca uma sobrecarga sensorial para o espectador, impactando funções cognitivas. Este impacto é representado como ruído visual e desfocagem, bem como a distorção de áudio. Pessoas que já assistiram ao vídeo descreveram a experiência como algo visceral, perspicaz e convincente. O vídeo está na Língua Inglesa.

Vídeo 4 – Assistindo a um filme

Uma garota tenta explicar como uma pessoa com autismo se sente. Ela usa uma cena do filme Transformers e distorce o som e a imagem para simular uma sobrecarga sensorial vivenciada pelas pessoas com autismo. O vídeo está na Língua Inglesa.

Vídeo 5 – Andando na rua

Nesta simulação é possível sentir a diferença entre andar em uma calçada como uma pessoa neurotípica e como uma pessoa com autismo. O espectador do vídeo poderá notar que os sons vão se ampliando e que a iluminação fica mais brilhante, tornando o percurso mais confuso. O vídeo está na Língua Inglesa.

Vídeo 6 – Em casa com a família

O vídeo produzido pela organização britânica National Autistic Society mostra ao longo de 60 segundos como um adolescente com autismo percebe o ambiente ao seu redor, e como estímulos sensoriais domésticos impactam a sua percepção e as suas sensações.

Você já passou por uma experiência em que os estímulos do ambiente afetaram as pessoas com autismo próximas a você? Deixe seu comentário e compartilhe sua experiência com outros pais e profissionais.

Nos Cursos da Inspirados pelo Autismo temos dinâmicas práticas especiais que possibilitam experimentar ainda mais as possíveis sensações vivenciadas pelas pessoas com autismo.

Nos colocando no lugar das pessoas com autismo, alteramos nosso olhar e nossa compreensão sobre os comportamentos e enxergamos novas formas para lidarmos com os desafios do ambiente e propiciarmos um dia a dia mais confortável às pessoas com autismo com as quais convivemos.

A Inspirados pelo Autismo oferece também uma série de livros que podem ajudar você a compreender melhor a pessoa com autismo e, assim, poder ajudá-la em casa, na escola ou no espaço clínico. Veja: http://www.inspiradospeloautismo.com.br/livros/

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Garotinha com autismo é nova personagem de app da Vila Sésamo

Garotinha com autismo é nova personagem de app criado pela Vila Sésamo

O programa infantil Vila Sésamo e seus divertidos personagens Garotinha com autismo é nova personagem de app da Vila Sésamoganharam uma incrível novidade: Julia, uma garotinha com autismo que agora faz parte do grupo de “muppets” que compõe o universo da Vila Sésamo.

A personagem Julia surgiu a partir da campanha Sesame Street and Autism: See Amazing in All Children, que tem como objetivo promover o conhecimento e a conscientização sobre o autismo entre crianças, adolescentes e adultos. O foco da campanha é ajudar famílias de crianças com dois a cinco anos por meio de recursos digitais.

Entre as iniciativas da campanha está o lançamento de um app com download gratuito (na Língua Inglesa) com vídeos contendo vivências das famílias, cartões de rotina diária criados para facilitar as tarefas do dia a dia, e um livro com histórias que pode ser utilizado por pais, profissionais, cuidadores e instituições educacionais que apoiam pessoas com autismo.

As aventuras envolvendo Julia e os demais personagens da Vila Sésamo retratam de forma lúdica e carinhosa as características da personagem e oferecem dicas sobre como interagir e se relacionar com as crianças com autismo. O livro com histórias,  por exemplo, explica aos amiguinhos de Julia que vão chegando como às vezes ela pode se expressar e brincar de uma forma singular.

O aplicativo e os vídeos on-line explicam como o autismo se manifesta a partir da perspectiva de uma criança com autismo, e “Isto é o que faz o nosso projeto tão único” disse a Dra. Betancourt, vice-presidente da US Social Impact, à revista americana People. Ela ainda ressalta que, desenvolvendo os conteúdos a partir do ponto de vista de uma criança, fica mais fácil ensinar aos seus pares como entender comportamentos como balançar as mãos ou fazer ruídos para expressar emoção, empolgação ou infelicidade. Isso torna as crianças mais confortáveis e cria um ambiente mais inclusivo.

A campanha deseja ressaltar, contudo, muito mais as similaridades entre as crianças como um todo do que diferenças entre elas, promovendo o respeito, a tolerância e a união. Para a Dra. Betancourt, “Nosso objetivo é levar adiante o que todas as crianças têm em comum, e não suas diferenças.” Para isso, as histórias envolvendo a personagem Julia buscam destacar também os pontos em comum entre as crianças, em vez de se concentrar apenas nas diferenças.

Assista ao vídeo musical (em inglês) de abertura da campanha, chamado The Amazing Song, que mostra como cada criança é única e especial em sua própria maneira:

Para conhecer mais sobre o projeto, você poderá assistir a outros vídeos, acessar o livro com histórias ou ver os cartões de rotina diária (todos em inglês).

Leia mais sobre aplicativos voltados ao bem-estar e ao desenvolvimento de crianças com autismo em nosso blog! Temos um post sobre aplicativos para telefones celulares voltados para os sistemas Android e Apple.

Você poderá compreender melhor a sua criança com autismo e saber como ajudá-la em sua rotina diária capacitando-se em nossos cursos.  Vem aí os novos cursos da Inspirados pelo Autismo para 2016, aguardem!

Quer contar sobre a nova personagem Julia do Vila Sésamo aos seus amigos? Então, nos ajude a divulgar esse post compartilhando-o em suas redes sociais.

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Criança com autismo setindo-se feliz

Como se inspirar para ajudar crianças, adolescentes e adultos com autismo

Arte, equoterapia, brincadeiras no parque ou sessões no quarto de brincar, todas essas atividades – somadas ao carinho, amor e dedicação de pais e profissionais – são elementos que se misturam na trajetória de três crianças e um adulto com autismo que residem na região centro-oeste do Brasil. Algumas cenas da vida cotidiana de Mariá, Tales, Francisco e Davi foram mostradas numa reportagem televisiva feita por uma emissora do Mato Grosso, e que você poderá assistir clicando aqui.

O objetivo da reportagem é mostrar como crianças, adolescentes e adultos com autismo podem vencer obstáculos e como nós podemos construir uma ponte para a interação social com eles. Acima de tudo, a bonita reportagem nos mostra que devemos ser gratos pelos desafios superados pelas pessoas com autismo; e ainda nos lembra que a esperança e o entusiasmo por parte de pais, familiares e profissionais são aliados valorosos para o desenvolvimento das pessoas com autismo.  Como se inspirar para ajudar crianças, adolescentes e adultos com autismo

Na Inspirados pelo Autismo também acreditamos que crenças, sentimentos e intenções podem tornar-se aliados importantes. Para nós, crenças, sentimentos e intenções podem ser revisitadas e trabalhadas para que possamos ajudar, da melhor forma possível, as pessoas com autismo com as quais convivemos. Ou seja, pais, familiares e profissionais têm a oportunidade de se conhecerem melhor e revisarem o seu próprio estado emocional, estando assim mais bem preparados e verdadeiramente inspirados para auxiliar as crianças, adolescentes e adultos com autismo em seu processo de crescimento.

Nós percebemos que a crença na capacidade de aprendizado da pessoa com autismo é o primeiro passo para se estimular o seu desenvolvimento social. A nossa experiência com famílias de pessoas com autismo tem nos mostrado que a adoção de uma perspectiva inspiradora é crucial para a promoção do desenvolvimento destas pessoas. Você pode estar se perguntando: mas, na prática, como se inspirar para ajudar crianças, adolescentes e adultos com autismo? Temos em nosso site uma seção sobre esse assunto, chamada Inspire-se. A leitura atenciosa dessa seção vai proporcionar a você diversas ideias sobre como trabalhar o seu próprio estado emocional antes de começar a ajudar a sua criança, adolescente ou adulto com autismo.

pessoa inspirada pela criança com autismoEstarmos gratos e valorizarmos os pequenos desafios superados pelas crianças, adolescentes e adultos é outro exercício que pode ser incrivelmente benéfico ao tratamento. Nós acreditamos que o amor e a apreciação por uma criança, adolescente ou adulto são componentes essenciais para sua educação e desenvolvimento. Notamos que a ciência está começando a compreender a importância destas profundas emoções no desenvolvimento humano, especialmente no desenvolvimento de pessoas com autismo. Para saber como sentir uma maior apreciação e construir um vínculo com sua criança, leia em nosso site a seção Os Sentimentos. Leia a seção com carinho e, se desejar, repasse seu conteúdo às pessoas próximas a você.

Um último princípio fundamental que norteia o trabalho da Inspirados pelo Autismo e que gostaríamos de abordar aqui é a crença de que os cérebros das pessoas com autismo apresentam plasticidade. Isto significa que os cérebros delas aprendem, se desenvolvem e podem ser modificados por cada experiência vivida – assim como qualquer cérebro. Ao oferecermos um ambiente de aprendizado otimizado para as pessoas com autismo, nós podemos ajudá-las a reconstruir os seus cérebros e aprender a superar os desafios relativos a habilidades sociais e de comunicação típicos do autismo. Temos em nosso site recomendações sobre como criar um ambiente otimizado para pessoas com autismo, além de diversas sugestões de atividades que poderão ser desenvolvidas nesse espaço – ou em outros espaços físicos nos quais as pessoas com autismo sintam-se à vontade. Estas são informações que já possibilitam a pais e profissionais iniciar imediatamente a aplicação de nossa abordagem.

Então, crie um ambiente otimizado, escolha uma atividade interativa e observe sempre as suas próprias emoções e atitudes!

Brincando com a criança que tem autismoSermos animados, expressivos e divertidos facilita a construção de uma interação com a pessoa com autismo. Além disso, estarmos atentos aos interesses e motivações da pessoa com autismo e elaborarmos atividades personalizadas que abranjam estes interesses e motivações são outros fatores que podem ajudar no engajamento social das crianças, adolescentes e adultos – estas foram as recomendações dadas pelas psicólogas Jaqueline e Fernanda, de Cuiabá, aos telespectadores da reportagem televisiva feita em Mato Grosso. Estas duas profissionais – junto a outras cinco talentosas consultoras – fazem parte da Equipe de Consultores em Treinamento da Inspirados pelo Autismo. Aguarde por nossas novidades!

 

Gostou da reportagem televisiva? Apreciou as nossas sugestões? Então, acesse as redes sociais e compartilhe este artigo. Ajude-nos a divulgar estas ideias!

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O pensamento social como base para o comportamento social

Na edição atualizada e ampliada do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse”, a autora aprofunda a a discussão do tema da interação social explicando como a pessoa precisa aprender a “pensar socialmente” antes de conseguir comportar-se de acordo com as regras sociais.

Veja a seguir um trecho condensado do capítulo 8 do livro “Dez Coisas que Toda Criança com Autismo Gostaria que Você Soubesse – Edição atualizada e ampliada”, de Ellen Notbohm, com a tradução de Mirtes Pinheiro.

Vamos ser honestos. Crianças com autismo ou síndrome de Asperger são consideradas “esquisitas” pela sociedade. O sofrimento que isso causa, tanto para a criança como para os pais, faz com que estes sintam uma necessidade imensa de “consertar” essa faceta do filho. Se competência social fosse uma função fisiológica, poderíamos desenvolvê-la com medicamentos, nutrição, exercícios ou fisioterapia. Se as crianças com autismo fossem curiosas, extrovertidas e tivessem motivação para aprender, poderíamos incluir inteligência social no currículo escolar.

Em geral, nossos filhos não são assim, e consciência social não é um conjunto de habilidades concretas que podem ser enumeradas. Regras básicas de boas maneiras (por favor e obrigado; use lenço de papel, e não a manga da blusa; espere a sua vez) podem e devem ser ensinadas, qualquer que seja o nível de função da criança, mas aprender a ficar à vontade entre outras pessoas no corre-corre e com as nuanças do dia a dia é infinitamente mais complexo. As habilidades sociais são o produto final de um organismo intrincado de elementos de desenvolvimento que denominamos “pensamento social”.

Assim como todos nós temos de aprender a andar antes de correr, temos de ensinar nossos filhos a “pensar socialmente” para que eles possam comportar-se de acordo com as regras sociais, com base em compreensão e intenção positiva, e não apenas por repetição mecânica ou medo das consequências. O pensamento social desafia o seu filho a incorporar contexto e perspectiva às suas ações – analisar os aspectos físicos, sociais e temporais do seu ambiente, levar em consideração os pensamentos e pontos de vista alheios; usar a imaginação compartilhada para brincar com um amigo; e compreender que os outros têm pensamentos e reações favoráveis ou nem tão favoráveis a ele, baseados no que ele diz e faz. O pensamento social é a fonte da qual se originam os nossos comportamentos sociais, e essa inteligência socioemocional pode desempenhar um papel mais importante no sucesso do seu filho no longo prazo do que a inteligência cognitiva.

O primeiro passo para ensinar uma criança com autismo a pensar socialmente consiste em deixar de lado qualquer pressuposição de que ela será capaz de adquirir sensibilidade social simplesmente ao observar pessoas que têm habilidades sociais, ou de que, de alguma maneira, um dia ela vai superar a sua inabilidade social. Até agora, o nosso sistema educacional tem baseado seus padrões curriculares na pressuposição incorreta de que todas as crianças nascem com o “cérebro social” intacto, ou seja, as áreas do cérebro responsáveis pelo processamento de informações sociais, e também num suposto desenvolvimento progressivo das habilidades sociais. Não faz sentido, e é totalmente injusto para com a criança, reagir às suas gafes sociais com base em tais pressuposições e, depois, culpar seu autismo quando nossas tentativas de ensiná-la não surtirem efeito. O que nossos filhos precisam é que mudemos nossa postura e comecemos a construir a percepção social deles em suas raízes.

Quando dizemos que queremos que nosso filho aprenda habilidades sociais, na verdade estamos almejando algo mais grandioso. Queremos que ele seja capaz de se ajustar ao mundo que o cerca, que seja independente na escola, no bairro, no trabalho e em seus relacionamentos pessoais. Mais do que seguir um livro de regras, ser social é um estado de ser confiante que se desenvolve quando as habilidades de pensamento social são cuidadosamente cultivadas, desde que a criança é pequenininha:

  • Tomada de perspectiva: ser capaz de enxergar e vivenciar o mundo com base em outros pontos de vista, e não no próprio ponto de vista, e de encarar essas diferentes perspectivas como oportunidades para aprender e crescer.
  • Flexibilidade: ser capaz de lidar com mudanças imprevistas na rotina e nas expectativas, conseguir reconhecer que os erros não são um resultado final, mas sim parte do aprendizado e do crescimento e que as decepções são uma questão de grau.
  • Curiosidade: despertar motivação para pensar no “porquê” das coisas – por que alguma coisa existe, por que sua existência é importante, por que outros se sentem da maneira como se sentem e como isso nos afeta e nos interessa.
  • Autoestima: acreditar nas próprias habilidades para se arriscar a tentar novas coisas, ter respeito e amor-próprio para conseguir compreender que os atos e comentários cruéis e irrefletidos por parte de outras pessoas dizem mais sobre elas mesmas do que sobre você.
  • Visão abrangente: entender que pensamento social e consciência social são parte de tudo o que fazemos, quer estejamos ou não interagindo com outras pessoas. Nós lemos histórias e tentamos imaginar a motivação das personagens e prever o que elas farão em seguida. Repassamos mentalmente algumas situações, imaginando se agimos ou não de forma apropriada em determinada ocasião. O seu filho pode lhe dizer: “Eu não ligo para esse negócio de socializar, sou feliz sozinho”. Talvez ele esteja sendo sincero naquele momento, e muita gente realmente prefere a solidão à socialização. Mas também é verdade que algumas crianças adotam uma atitude de displicência para não sofrer, pois elas realmente se importam, mas não têm o conhecimento, as habilidades e o apoio necessários para superar suas barreiras sociais e, dessa maneira, conseguir alcançar suas metas e realizar seus sonhos.
  • Comunicação: compreender que nós nos comunicamos mesmo quando não estamos falando. Michelle Garcia Winner (2008), que cunhou o termo “pensamento social” e é considerada uma das principais vozes nessa área, descreve quatro etapas da comunicação que se desenrolam numa sequência linear, em milissegundos, em geral inconscientemente:
    1. Nós pensamos a respeito dos pensamentos e sentimentos das outras pessoas, bem como dos nossos próprios.
    2. Estabelecemos uma presença física para que as outras pessoas compreendam a nossa intenção de nos comunicar.
    3. Monitoramos com o olhar como as pessoas estão se sentindo, agindo e reagindo ao que está acontecendo entre nós.
    4. Usamos a linguagem para nos relacionar com os outros.

Você reparou que a linguagem só entra na equação da comunicação como uma última etapa? No entanto, é essa etapa que nós, pais e professores, costumamos enfatizar. Se você ensinar apenas a quarta etapa, sem as outras três, deixará seu filho ou aluno mal-equipado, vulnerável e correndo um grande risco de ser menos eficaz e menos bem-sucedido em sua comunicação social.

Tratar a criança como se ela fosse igual aos seus colegas da mesma idade e com desenvolvimento típico, sem um ensino direto e concreto dos conceitos sociais, não vai produzir habilidades de pensamento social. Sem esse ensinamento direto, seu filho chegará à idade adulta com os mesmos problemas de comunicação social. Ensinar seu filho a pensar socialmente e ser sociável consiste em um mosaico de milhares e milhares de pequeninas oportunidades de aprendizado e embates que, devidamente canalizados, se fundirão numa base de autoconfiança. É preciso que você, na qualidade de pai ou mãe, professor ou guia, seja socialmente consciente 110% do tempo, que decomponha a rede de complexidades sociais e lhe ensine as nuanças sociais que ele tem tanta dificuldade de perceber.

“Com um passo de cada vez, chega-se ao topo da montanha”, diz o velho adágio. Um dos livros infantis favoritos do meu filho Connor contava a história de Sir Edmund Hillary e seu guia xerpa, Tenzing Norgay, os primeiros alpinistas a chegarem ao topo do monte Everest. Nós conversamos sobre a controvérsia levantada ao longo dos anos de que um deles teve de colocar o pé no topo da montanha primeiro. Em meio à especulação de que Tenzing chegou ao topo um ou dois passos à frente de Sir Edmund Hillary, que era mais famoso, Jamling, filho de Tenzing, falou à revista Forbes em 2001: “Eu perguntei isso a ele, que disse: ‘Isso não é importante, Jamling. Nós escalamos a montanha como uma equipe’.” Assim como Hillary, seu filho está fazendo sua primeira escalada. Seja seu xerpa, ajude-o a perceber que a vista ao longo do caminho pode ser espetacular.

Baixe aqui o eBook gratuito com o trecho condensado do livro das Dez Coisas.

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Rolar para cima

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 17 a 20 de setembro

Investimento por participante:
1º lote: R$1428 até o dia 10/07/20 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 10/08/20 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 08/09/20 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 08 de setembro de 2020 (terça-feira).

Descontos em mais de um curso: Quem se inscrever em 2 cursos, também tem o desconto de 5% somado ao desconto por prazo de inscrição. Quem se inscrever em 3 ou mais cursos tem o desconto de 10% somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral dos cursos. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras.

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.

Descontos por participante:

Turma 1 – São Paulo – 24 a 27 de março

1º lote: R$1428 até o dia 17/12/21 (15% de desconto).
2º lote: R$1512 até o dia 15/02/22 (10% de desconto).
3º lote: R$1680 até o dia 15/03/22 (valor integral).
Inscrições limitadas e abertas até o dia 15 de março de 2022 (terça-feira).

Descontos para grupos: Inscrições para grupos de 2 pessoas têm mais 5% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição, e inscrições para grupos de 3 ou mais pessoas têm mais 10% de desconto somado ao desconto por prazo de inscrição. Somados, os descontos podem chegar a quase 25% do valor integral do curso. Os descontos serão oferecidos no total do carrinho de compras se apenas uma pessoa fizer a inscrição para todos. Para que cada membro do grupo possa fazer o pagamento da inscrição separadamente, mas com o desconto de grupo, entre em contato conosco por email.